domingo, 30 de junho de 2013

cartas que não vou enviar

Se quiseres saber o que fiz durante o dia todo, consigo resumi-lo numa única palavra: li. Li muito. Isto não será talvez novidade para ti; o que te escapa é a razão porque leio tanto, escapa-te que esta foi a maneira que eu encontrei para não pensar em mim.

E é engraçado que resulta ao ponto de agora, neste preciso momento, enquanto te escrevo, só me conseguir lembrar do Pat e da Nikki. Ele ia escrevendo para ela como se ela fosse ler; escrevia-lhe o que fazia, o que pensava, o que sentia. Um bocadinho daquilo que tenho feito por aqui. E ela também nunca leu. Provavelmente, não mudaria nada se lesse, e isso deixa-me triste porque sei que o Pat podia ser eu. Ele só quer um final feliz e, coitado, ainda acredita que isso possa acontecer. E fico triste por ele como se fosse um grande amigo meu. Especialmente por saber que ele seria aquele amigo com quem eu me identificaria. A única diferença é que eu já não acredito em finais felizes.

Depois, acabei por sair porque me sentia a enlouquecer em casa. Andei por aí até que anoitecesse, como se a noite fosse o cair do pano depois da representação que foi o dia; tão sorridente que eu ando, e tão pouco sentidos que são os meus sorrisos. Não me sentia perdida, só não sabia onde ir. Então, fui andando convencendo-me de que estarias no sítio para onde me dirigia, mesmo sabendo que tal era impossível. Precisava de mentir a mim mesma para ainda poder sentir essa felicidade ilusória. Só queria poder ver-te.

Andei mais do que acreditarias, e depois sentei-me. Ao longe, via luzes e dei por mim a imaginar se não estarias perto de uma delas lá, tão longe, enquanto eu estou aqui a desejar ter-te perto. Por isso, se esta noite ainda vir uma estrela cadente, vou gritar-lhe o teu nome e pedir-lhe que te traga para perto de mim. Não que acredite realmente que se possa pedir um desejo às estrelas, mas porque até isso é mais provável do que eu conseguir voltar a ver-te. Desculpa, mas fazes-me falta.

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