sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

reflexões de uma mente perturbada

Tornei-me, com o tempo, na pessoa fria que jura a pés juntos que o amor só é bonito nos filmes, e que acha uma crueldade tremenda não se mostrar o que acontece depois do fim, depois do "foram felizes para sempre", porque o para sempre não existe, muito menos associado ao felizes. 

Ou se calhar sim. Se calhar o felizes para sempre inclui as discussões sobre quem se vai levantar para apagar a luz da varanda, sobre quem faz o jantar e quem lava a louça. Se calhar, inclui momentos de raiva, momentos de incompreensão. Se calhar, vale a pena, e um dia damos por nós de botas de borracha, ao fundo do quintal, a plantar couves e a falar mal do tempo. Do que que tínhamos sido um dia, já pouco restarava - caíram-nos dentes, ficámos grisalhos. Depois de velhos, enrugados, carcomidos pelo tempo, pouco mais nos havia de restar, do tempo em que éramos nós, do que o olhar, que os olhos não envelhecem. E então, havíamos de olhar um para o outro e não entender como conseguimos suportar tanta coisa, durante tantos anos e, ainda assim, não poder estar mais feliz com essa decisão. 

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