sexta-feira, 24 de outubro de 2014

em pausa

Demorei anos a perceber porque raio é que eu parecia curar uma paixão com outra e ia colecionando mazelas vindas de todo o lado incessantemente como um choque em cadeia - eu vivo apaixonada e não sei viver de outra maneira.

Percebi isso agora que sinto a vida estagnada e me faz falta essa vontade louca de me sentar aqui a falar do quão maravilhoso é o rapazinho - e, na volta, esse é outro dos pontos cruciais na minha necessidade de estar apaixonada: olhamos as pessoas com um filtro e aprendemos a vê-las maravilhosas. Mesmo quando o não são - são-no sempre até abrirmos os olhos. Até percebermos que, bem lá no fundo, somos todos mais do mesmo.

Demorei anos a entender que gosto de não saber de mim, que prefiro mil vezes estar confusa a estar parada - seja na plenitude da felicidade ou da tristeza. Preciso de algum rebuliço, preciso de dúvidas, de medos, de vontades contraditórias. Preciso, sei lá, de alguma coisa que faça os dias valerem a pena e do risco de esbarrar com alguém que me faça acelerar o coração em alguma rua dessas, como quem não quer a coisa. Preciso de voltar ao tempo em que enviei mails a meio da noite a alguém que eu queria recuperar com a mais pura das verdades sobre mim e sobre o que sinto, mesmo que isso só me dure cinco minutos - o tempo não importa, o que interessa é sentir de forma verdadeira. Trinta segundos bastam para mudar uma vida - sabe-se lá?

O que mais falta me tem feito é acordar com uma mensagem recebida às quatro ou cinco da manhã - minto. O que mais falta me tem feito é não conseguir deitar-me antes dessas horas porque estou demasiado ocupada a conversar com alguém que tenha a capacidade de me deixar com um sorriso absurdamente ridículo na cara, mesmo quando já mal consigo abrir os olhos. É sempre tudo tão mais fácil quando temos alguém a deixar-nos esse formigueiro no peito! Mesmo quando nos complica ainda mais a vida - descomplica-nos os dias só por existir. Agora sobra-me tempo em que não sinto nada, em que não espero nada, em que não penso em ninguém, e eu não sei viver assim. Não sabia o que é que me estava a fazer falta, mas já descobri: preciso, urgentemente, de me (re)apaixonar.

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