segunda-feira, 13 de outubro de 2014

o azedume habitual

Sinto sempre uma pontada na unha do dedo mindinho do pé esquerdo quando penso na quantidade de papás que pagam para os filhos terem uma casa em coimbra, na cidade onde estudam, porque, coitadinhos, não podem vir a casa todos os dias, e nem sequer estranham o facto de eles levarem quase dez anos para tirar uma licenciatura de quatro. Se há coisa que quero experimentar é vir a morar sozinha - mas, claro, quando eu me puder sustentar. Eu. 

Não me levem a mal, há mesmo pessoas para quem essa hipótese é a mais viável, mas não é o caso das gentes, ou vá, da maioria das gentes, daqui. De comboio, demoramos cerca de meia hora a chegar lá e, depois da estação para as universidades há um milhão de autocarros que já se sabe como é. De carro, demora-se ainda menos do que de comboio - e não, meus amores, não estamos a falar de meios de transporte mais dispendiosos do que mudar os trapinhos para coimbra. 

Estamos a falar é da liberdade para sair todas as santas noites sem ter de pedir autorização aos papás. Estamos a falar das famosas quintas feiras académicas, das quais podemos ter um resumo à sexta de manhã: gente bêbeda a dormir nos passeios, mais uns quantos mocados a cambalear pelas ruas, poços de vómito e garrafas partidas. Palavra de honra, é esta a coimbra dos estudantes - e hey, tudo bem, sair à noite é bom, o álcool parece sempre fixe até à manhã seguinte e eu estou certa de que existem alguns que vêm para cá realmente para estudar, não há nada de errado em divertirem-se também. Mas estou a falar daqueles que às vezes eu desconfio que mal sabem o nome do curso em que entraram e daqui levam pouco mais do que um fígado em vinho d'alhos.

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