sábado, 27 de dezembro de 2014

ainda do falecido*

Não é que o gajo seja má pessoa - mas nem ao diabo o recomendava porque, inocentemente, julgou que teria hipótese de me mentir duas vezes. Não teve - apanhei-lhe a primeira mentira e o gajo voou. Só. De qualquer forma, há traumas que eu nunca consegui ultrapassar, como o dia em que isto aconteceu:

(uma qualquer lamúria da parte dele)
eu: que tens? dói-te o ovário?

(faz-se uma pausa dramática em que ele fica a olhar para mim)
ele: agora deixaste-me confuso... eu tenho ovários?

Inspiro com força. Todos temos dias maus, não é verdade? Provavelmente isto foi uma confusão típica da posição dos astros naquele dia ou coisa do género. Ele não podia estar a falar a sério. Comecei então uma explicação como se o meu público alvo fosse um puto de três anos com um atraso mental:

eu: sabes, há orgãos que eu tenho e tu não tens, há orgãos que tu tens e eu não tenho...

(o olhar dele ilumina-se como se estivesse a receber um sinal divino. eu senti o meu coração cheio de amor e esperança; ainda não era o fim.)

ele: pois é! vocês não têm pâncreas, não é?

Acho que foi neste dia que eu comecei a desconfiar que as coisas entre nós não iam resultar.

*será que eu mencionei que ele conhece o cinderela e que é mais ou menos provável que ainda cá passe? não? não? então imaginem só a emoção.

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