sábado, 28 de fevereiro de 2015

oh no, not you again!

Há dias em que até me parece que seria boa ideia eu ser daquelas meninas todas organizadinhas tipo o-meu-período-vai-vir-no-dia-dois-de-março-às-dez-e-dezasseis, mas não sou. Sou mais do tipo ando-com-uma-coleção-de-pensos-e-tampões-e-seja-o-que-deus-quiser.

Só me apercebo de que estou perto da época da desgraça quando me começo a sentir ainda mais insuportável do que o habitual - tenho andado com uma vontade louca de devorar doces, acordei com a sensação de que engordei 20kg durante a noite e oscilo entre momentos em que me apetece matar alguém e momentos em que dou por mim a chorar no cantinho porque isto está meio fodido para o meu lado. That's it.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

about a guy

Ninguém me tira da ideia que a quantidade crescente de monocelhas neste mundo também está relacionada com a crise - português que é português, aproveita as promoções. Estão a ver aqueles anúncios depile as pernas e ganhe uma sobrancelha?

Pois.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

tô full of nerbes

Eu não sou de ódios mas vou do 0 ao 100 em aproximadamente três nanossegundos - uma pessoa anda ali a enrolar, a fazer de conta de que percebeu mal, a tentar desculpar, mas chega a uma altura em que já está cansada de mentiras atrás de mentiras.

E eu não sou de ódios - mas chega a uma altura em que dá demasiada vontade de sugerir à pessoa que sustenha a respiração. Para sempre.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

orgasmos cerebrais múltiplos


Eu digo que sou pouco menina e coise e tal mas, oh hell, um vestido que tenha estampado o primeiro capítulo do harry potter e a pedra filosofal é passível de ser usado até por um gajo, não é?

gente doente

O que as pessoas não entendem é que eu tenho uma memória estupidamente boa e uma facilidade incrível em detetar mentiras. Outra coisa que também não entendem é que têm o melhor de mim até me mentirem - a partir daí, podem esquecer porque não tem volta a dar. Se me for embora, não volto.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

aqui me confesso

Há uma certa tendência para, quando digo que tenho um blog, me perguntarem sobre o quê - é nestas alturas que eu gostava de poder ter uma resposta pronta como as meninas de bem e poder dizer ah e tal é sobre roupa, ou sobre problemas do amor e cenas assim, ou sobre eletrodomésticos, ou sobre tupperwares. Mas não é. O meu blog é completamente random e tanto me pode dar na cabeça de escrever sobre a paz no mundo como sobre azeitonas. Eu não regulo bem do sistema, ponto.

Portanto, parece-me bem começar a identificar o meu blog como um diário dos meus surtos psicóticos. Só.

meios escritos

Desde que te foste embora, deixei de fazer as refeições à mesa - não conseguia lidar com o teu lugar vazio à minha frente sem começar a pensar naquela altura em que éramos felizes. Chama-me louco - não fui capaz de lavar a tua caneca no dia em que te foste embora. Nem nas duas semanas que se seguiram. De alguma forma, achei que poderias querer voltar e tomar o teu café, mesmo frio, mesmo insípido, mesmo depois de ter estado entre nós na discussão que ditou o nosso fim. Se voltasses, queria que soubesses que o teu lugar estava intacto. Tal como o meu amor por ti.

Naquele dia, não foi diferente. Acordei tarde e com a casa num caos - tinha mais cuidado com o teu lado da cama do que com o resto da casa, e estava capaz de jurar que o colchão ainda guardava as formas do teu corpo. E o teu calor. Não queria perder o pouco de ti que tinha ficado para trás; sentei-me no chão da cozinha para tomar o pequeno almoço. E depois saí.

Apanhei o metro para o trabalho mas saí quatro paragens antes; não era capaz de me sentar por trás de uma secretária e fingir que sou um tipo normal, com um emprego normal e uma vida normal. Não naquele dia em específico em que fazia precisamente dois anos desde o dia em que consegui que te rendesses e que aceitasses caminhar lado a lado comigo. Sempre sofri de uma memória terrivelmente boa, meu amor. 

Arrastei-me pela cidade o dia todo. Não tinha onde ir mas também não queria ir a lado nenhum; precisava de não estar parado e de ter uma réstia de esperança de te encontrar por acaso. Mas isso não aconteceu.

Já perto do pôr do sol, fui ao teu sítio favorito, o tal onde te pedi em namoro; de alguma forma, sempre soube que te encontraria lá, mas precisei de esgotar todas as outras hipóteses antes disso. Queria correr para ti, mas paralisei; és tão bonita quando nem fazes ideia disso que era impossível não ficar ali, só a olhar para ti, com a figura entrecortada pela sombra de um sol que se escondia, provavelmente com vergonha de não conseguir ser tão brilhante quanto tu. Ou então era só porque estávamos no final da tarde, mas bem sabes que sempre fui mais dado ao romantismo do que à lógica - perdoa-me os tropeços.

Quando te viraste para mim, soube que também estavas à minha espera; sorriste. Demorei uns vinte passos a perceber que tinhas as lágrimas nos olhos e o mundo inteiro a pesar-te nos ombros. Parei; estávamos à distância de um braço mas não sabia se poderia avançar. Queria abraçar-te, depois de tudo, mas sempre me foste realmente indecifrável e era impossível saber se era seguro ou não fazer de conta que não se tinham passado meses desde a última vez em que foste minha.

«Demoraste», disseste. Respirei de alívio; «não sabia se devia vir». Nesses segundos, vieram-me à memória todas as palavras da última discussão, a forma como nos culpávamos um ao outro pela rotina, pelos dias sem sabor, pelo nada em que tínhamos transformado as nossas vidas. E a forma como deixámos que mal entendidos nos tivessem destruído. «Desculpa», salta-te da boca. E eu desculpo-te porque não sei viver sem ti e porque não vale a pena forçar-me a aprendê-lo. Sorrio-te. Amo-te mais uma vez, mais um bocadinho do que todas as outras, amo-te para sempre enquanto o sempre for nosso e feito à nossa medida. Estendo-te a mão, «vamos?». E fomos. Fomos ali ser felizes e não voltámos mais.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

kill it, kill it with fire

Uma coisa que eu sempre adorei é aquela eterna teoria das gajas de que, se uma amiga comprar alguma coisa igual, é porque é uma cabra invejosa e só a quer imitar. Claro, meus amores, porque tudo é fabricado exclusivamente para vocês. Todas as peças que vocês compram são únicas e ai de quem pense que vai conseguir comprar igual. Se comprar é porque é uma traidora e mandou fazer.

É óbvio que mais ninguém vai ter um little black dress igual ao que vocês compraram na zara. Nem a primark vendeu outra mala azul com bolinhas brancas a outra pessoa que não a vocês. Nunca.
Se alguém aparecer com uma igual, aniquilem-na imediatamente. 

(da edição: juro-que-devia-ter-nascido-gajo)

google it



Não sei se o que me preocupa mais é haver quem pesquise por isto ou se é mesmo o facto de haver quem chegue ao meu blog através dessas mesmas pesquisas. Mas tenho medo.

aquele carinho na zona mais preciosa

Estão a ver aquela tendência típica das grávidas de tirarem fotos com a mão na barriga?
Eu acabei de ver uma foto assim no fb.

Mas era um homem.

E não era na barriga.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

ooops.

O meu problema não é não saber conduzir - o meu problema é não saber onde ir. Ainda hoje, por exemplo, estou a faltar a uma festa de anos porque, oh hell, quando pensei a sério sobre o assunto, cheguei à conclusão que, a não ser que tivesse saído de casa na semana passada, quando lá chegasse a festa já teria terminado.

Não há cu que me aguente.
(em minha defesa: não conheço mesmo nada para aqueles lados)

quando bate forte


Não faz mal parecer extensivamente lamechas de vez em quando. Contra todos os meus esforços, estou mesmo a ficar uma menina, especialmente agora que sabe deus onde é que anda a minha cabeça. E pronto, esta versão mais soft de mim passa por me derreter com estas músicas lamechas - lidem com isso.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

se não fosse a melhor avó do mundo, entregava-a para adoção

Não importa quantas vezes eu explique à minha avó como é que funciona o telemóvel dela - ela continua a preferir uma utilização freestyle. Basicamente, a senhora mete-se a carregar nas teclas à toa e vê o que acontece. Priceless.

Ultimamente, estou sempre a receber chamadas dela, ou vá, toques; na minha boa fé, retribuo a chamada não vá a mulher estar ali na pura da aflição. 

Atende e diz:
- o que é que tu queres? estás bem?
- eu estou, tu é que me ligaste...
- ah liguei? oh, é que eu vi o teu nome e carreguei. nem sabia que tinha chegado a chamar.

Breathe in, breathe out.

oh no

Todos os dias me mandam ir ao médico para ver se me resolvem o problema e eu consigo começar a dormir mais - rio-me e digo que o meu problema não é não conseguir dormir. Ninguém acredita; de alguma forma, acham que o digo para me fazer de forte.

Não é.
Não é mas não tenho uma maneira fácil de explicar que a minha insónia tem nome, morada e um sorriso adorável.

if

Se arranjares uma namorada, avisa-me, 

digo-te, e dou por mim a imaginar esse momento em que me contas que há alguém. Isto parece-me quase o mesmo que sentir dores no membro amputado, mas não consigo deixar de sentir essa dor miudínha só de me imaginar a perder-te para outra. Mesmo que nunca tenha chegado a ganhar-te.

Não te quero deixar ir, por mais que sejamos estranhos e difíceis, por mais que seja demasiado complicado explicar que sucessão de acontecimentos improváveis nos trouxe até aqui, exatamente onde estamos agora, não te quero deixar ir porque me viciei em ti. Não estamos apaixonados - pelo menos, não convencionalmente. Temos antes aquele carinho infindável, típico dos casais antigos a quem uma vida inteira lado a lado não chegou para se explicar o quanto se gosta. E então, entrelaçam os dedos porque também não se querem deixar ir, e ai de quem diga que os dedos entrelaçados com amor não são à prova de tudo. Até da morte.

Somos a sala branca cujas paredes nos engolem; quase nunca somos nada mas lá vamos inventando outras formas de ser o que conseguimos; tenho pena de não termos direito a uma mão cheia de reencontros, ao som das rodas da mala ansiosa pela gare, a pedir por um abraço e - ah-ah, o eterno! - um beijo na testa, suficientemente despreocupado para que se subentenda que temos tempo para mais. Mas não temos; não temos nada a não ser um punhado de sonhos mergulhado na água gélida da realidade. E é isso que dói mais.

Se arranjares uma namorada, avisa-me,

digo-te enquanto desejo secretamente que isto nos chegue para sempre, que não faça mal, que não seja necessário procurarmos conforto noutros braços, que sejamos eternamente esse amor calmo, o tal igual aos amores antigos. Mas sei que é uma questão de tempo e eu só posso esperar que sejas feliz.

Pelo medo, não me quis prender, mas prendi na mesma. Amarrei-me de tal forma que, quando tentei mostrar a mim mesma que ainda sou dona da minha liberdade, tudo o que consegui sentir foi uma corda no pescoço, que me puxa e me sufoca, e me mostra que nunca somos realmente livres quando gostamos assim de alguém porque mais nenhum coração me serve de abrigo nos dias frios, porque mais ninguém me faz sentir o mesmo que  tu.

Se arranjares uma namorada, avisa-me,

digo-te, e prometo a mim mesma que vou lutar contra a mágoa e contra a vontade de te roubar a quem te tentar levar de mim. Mas não prometo, meu amor, não prometo que te deixe ir.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

decidi-me

Margo always loved mysteries. And in everything that came afterward, i could never stop thinking that maybe she loved mysteries so much that she became one.

John Green,
paper towns

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

back

Hoje também é um desses dias em que - finalmente! - voltei a mim. Apetece-me desligar-me das pessoas e enfiar-me no meio dos meus livros.

Não consigo acabar o prometo falhar agora - quer dizer, consigo, mas em tragos, assim como quem vai bebendo um chá aos golinhos para durar mais tempo; é muito oh hell, isto podia ser sobre mim, e pouca história, pouca ação. Preciso de mais agora.

Então fui procurar no tablet; está cheio de ebooks que eu ainda não li, muitos deles do chuck palahniuk, mas também não quero ir por aí agora; apetece-me um daqueles livros que me deixam a experimentar todos os sintomas da depressão de uma só vez, assim ao nível do john green, mas nem sei ao certo o quê. Estou perdida.

cinderella goes to the gym

Não há melhor combustível do que a raiva - eu andava aqui super deprimida porque os treinos corriam razoavelmente bem e os progressos eram lentos mas visíveis mas, quando chegava a hora da passadeira, o meu lado de lontra obesa dava de si e, dos 15 minutos que o meu plano incluía, eu nem 5 conseguia correr. Na realidade, aldrabava 3 aqui mais 2 ali e estava feito. Mas depois amuava comigo mesma por não conseguir mais sem sentir que o coração me ia saltar da boca. E compensava no resto só para me castigar.

Hoje fui para o ginásio furiosa; foi um daqueles dias em que acho que teria rendido mais uma aula de boxe, porque eu estava tão fodida da vida que só me apetecia partir qualquer coisa. Preferencialmente, os ossos a alguém.

Pois que saltei para a passadeira assim que lá cheguei porque não gosto de guardar o que menos gosto para o fim; estava a preparar-me para quinze minutos de tortura quando, aos dois minutos, a pt se lembrou de me aumentar a velocidade. Deixei de andar e passei a correr. 
Durante os 13 minutos que faltavam.


(para qualquer pessoa que se assemelhe menos a um trambolho do que eu isto não é nada mas para mim foi mesmo uma grande vitória.)

turn off

Podíamos mesmo ser felizes - juro que o mocinho é boa pessoa, tem tudo de bom, adorável que só ele, bonitinho e asseado, inspira-me confiança, o que é raríssimo, e eu só não me apaixono por ele porque não posso. Juro que já nos estava a ver a criar oito monstrinhos de berço a arrotar a leite azedo e a plantar couves no intervalo entre duas chuvadas, galochas até ao joelho, ele a coçá-los enquanto eu me peido, tudo assim na maior e em jeito de happy ending com um casamento duradouro.

Podíamos ser felizes mas ele não gosta do harry potter.
Fim.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

tenho bem a quem sair

Estava a contar à dona mommy cá de casa que eu e duas raparigas tínhamos dado um sermão à miúda grávida porque ela não se alimenta convenientemente e o caramelo do namorado aka pai da criança ainda come a comida que lhe dão para ela.

Acho que soube o que ela ia dizer no momento em que ela olhou para mim:

- achas que ela precisa de comer? já engoliu um puto, agora tem a barriga cheia durante nove meses.

E foi assim que eu descobri que vou ter a companhia da minha mãe no inferno.

basicamente, continuo quase a mesma merda

Não é bem como se eu não tivesse mais nada que fazer da vida, mas a verdade é que não me apetece fazer grande coisa e então dei por mim a ler posts antigos. Entretanto, encontrei este post e decidi ver o que é que mudou nestes quase dois anos.
A roxo o que acrescentei:


Tenho menos de 1.65m.
Tenho uma cicatriz. (várias até)
Gostava que o meu cabelo tivesse uma cor diferente.
Já pintei o cabelo.
Tenho uma tatuagem. 
Eu nunca usei suspensórios.
Um estranho já me disse que era bonito/a.
Tenho mais de 2 piercings.
Já jurei algo aos meus pais.
Já fugi de casa. (aos 5 anos, vá)
Quero ter filhos no futuro. (maybe, maybe)
Tenho um emprego.
Já adormeci numa aula
Faço quase sempre os trabalhos de casa.
Já estive no quadro de honra da escola.
Já disse "LOL" durante uma conversa.
Ainda choro a ver filmes da Disney.
Já rasguei as calças em público.
Tenho uma doença de nascença (não é bem uma doença, mas coise)
Já tive que levar pontos. 
Já parti um osso.
Já fiz uma cirurgia (4)
Já andei de avião.
Já fui a Itália.
Já fui à América.
Já fui ao México.
Já fui ao Japão.
Já fui à Suíça.
Já fui a África.
Já me perdi na minha própria cidade.
Já fui à rua de pijama.
Dei um pontapé a um rapaz onde dói mesmo.
Estive num casino.
Gostava de jogar verdade ou consequência. 
Já tive um acidente de carro. (foi mais o susto, mas já)
Já entrei numa peça de teatro.
Já me sentei num telhado à noite.
Costumo pregar partidas às pessoas.
Já andei de táxi.
Já comi sushi.
Já tive um encontro às cegas.
Sinto falta de alguém neste momento.
Já beijei uma pessoa com mais 8 anos do que eu.
Já me divorciei.
Já gostei de alguém que não sentia o mesmo por mim. (sempre, sempre)
Já disse a alguém que o/a amava, quando não era verdade.
Já disse a alguém que o/a odiava quando na verdade o/a amava.
Já tive uma paixão por alguém do mesmo sexo.
Já me apaixonei por um/a professor/a. 
Já me beijaram à chuva. 
Já beijei um estranho.
Fiz algo que prometi não fazer.
Já saí sem os meus pais saberem.
Já menti aos meus pais acerca do sítio onde estava.
Tenho um segredo que ninguém pode saber. 
Já fiz batota.
Copiei num teste. 
Passei um semáforo vermelho. (em minha defesa: foi numa aula de condução e porque o instrutor mandou!)
Já fui suspenso na escola.
Já testemunhei um crime.
Estive preso/a.
Já consumi álcool.
Bebo regularmente.
Já desmaiei de tanto beber.
Estive bêbado/a pelo menos uma vez nos últimos 6 meses.
Já fumei ganza.
Já tomei drogas fortes.
Consigo engolir 5 comprimidos de uma vez sem problemas.
Já me diagnosticaram uma depressão.
Tenho problemas de ansiedade diagnosticados.
Grito com os outros quando estou enervado.
Sofro/sofri de anorexia ou bulimia.
Já me aleijei de propósito.
Já acordei a chorar.
Tenho medo de morrer.
Odeio funerais.
Já vi alguém morrer.
Alguém que me era querido suicidou-se.
Já pensei em suicidar-me.
Tenho pelo menos 5 CD’s.
Tenho um iPod ou um mp3. 
Sou obcecada por animes.
Já comprei alguma coisa pela Net. 
Já roubei um tabuleiro de um restaurante de fast-food.
Eu vejo o noticiário.
Não mato insectos.
Canto no duche. 
Já fingi estar doente para não ir à escola.
Acedo à net pelo meu telemóvel.
Ando no ginásio.
Sou fanático/a por desporto.
Cozinho bem.
Já fui de pijama para a escola. 
Sou capaz de disparar uma arma.
Amo amar.
Eu ja exkrevi axim. 
Eu rio-me das minhas próprias piadas. 
Todas as semanas como fast-food.
Acredito em espíritos.
Já fui para um teste sem estudar e tive boa nota. 
Sou muito sensível. 
Adoro chocolate branco.
Tenho o hábito de roer as unhas.
Associo músicas a pessoas/momentos.

quase me esquecia

Um conselho básico para não terem toda a gente à vossa volta a olhar para vocês como se fossem completamente loucos é nunca, por nunca ser, terem a infeliz ideia de ir tomar o pequeno almoço ao pingo doce, quase às nove da manhã, depois de uma longa noite de farra. Muito menos quando a única mesa disponível é pegada à de duas velhas.

Acreditem - por mais que vocês tentem fingir que estão só ensonados porque acordaram cedinho a um domingo de manhã para irem à missa, elas vão reparar na maquilhagem que vos faz parecer o resultado do cruzamento de um panda com a belle dominique, no vosso cabelo encrespado vítima dos balanços bruscos de uma dança frenética ao ritmo da música e de todo o tipo de bebidas que lhe acertam em cheio. E, sobretudo, elas vão reparar nesse cheiro nojento de quem não toma banho há três semanas, que é basicamente ao que cheiram as discotecas.

Não adianta fazer de conta que estão só cansadas e que a vossa dificuldade em levar o galão para a mesa nada tem a ver com frio ou parkinson. Toda a gente vai perceber que vocês ainda não tiveram tempo de curar a sarda porque ainda nem dormiram. 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

.

[é aqui que nos encontramos - uma sala silenciosa e tão vazia quanto eu, toda ela branca de um branco que me aturde e engole. sou parte dela; não sou mais do que isto nem faria sentido em qualquer outro lugar. é aqui que nos encontramos e podia ser um bar, uma mesa com dois copos meio cheios em cima e todo um mar de hipóteses de um final feliz. ou podia ser um passeio à beira mar, dedos entrelaçados e o salgado nos lábios. podia ser qualquer outra coisa em qualquer outro lugar, mas é isto mesmo; uma sala branca. ontem achei que sabia de tudo e que conhecia o mundo mas hoje sou tábua rasa. não sei de nada, meu amor, a não ser do arrependimento que sinto e que já não cabe em mim; lamento mas nem mil lamentos nos chegam. é aqui que nos encontramos porque eu olho à volta e tu não estás; boicotei-nos, traí-me, e hoje não sei mais de mim do que isto mesmo que aqui conto: estou aqui. preciso da tua voz para me despertar, preciso da certeza de que não faz mal. mas faz. hoje encontramo-nos aqui porque eu estou sozinha e tu não vens mas, finalmente, descobri quanto de ti há em mim. só espero que não seja tarde.]

true story

Talvez não seja a melhor dieta do mundo mas o melhor remédio para perder o apetite é mesmo a ressaca.

apetece-me partilhar isto

Não quero enojar-vos ou assim mas eu tenho a incontinência de um cachorrinho nervoso e em noites de bebedeira passo a vida na casa de banho - o pormenor que ficou a faltar no último post é que a miúda, não contente, vomitou o chão todo e ainda foi vomitar no lavatório, que entupiu.

Nenhum dos membros do staff que passaram a noite a coçar o cu e se depararam com aquele cenário acharam que seria boa ideia limpar aquela merda. E, repito, o desastre aconteceu pouco depois da meia noite.
Agora pensem.

e é isto

Cheguei ao recinto do festival pouquíssimo depois da meia noite e decidi ir imediatamente marcar território; mal entrei na casa de banho, deparei-me com uma rebanhada de pitas à volta da porta de um cubículo onde a amiga estava a vomitar. Àquela hora. 

Elas tinham todo o ar de quem ainda bebia leite pelo biberon e, assim na pura da loucura, quisémos acreditar que aquilo fosse mesmo uma congestão. Falámos com as miúdas:

- ah, ela comeu bacalhau com natas e frango (?). isto foram as misturas.

E isto, crianças, é o que acontece quando vocês bebem coca cola e fanta no mesmo dia.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

evil knows how to bake

Há uns dias, falaram-me de um cheesecake de nutella que já por si só me deixou a babar; hoje decidi pecar e fui procurar a receita. Encontrei. Pior do que isso: encontrei um cheesecake de nutella e oreo.

Senti-me a ficar diabética só de imaginar.
Calmamente, fechei a janela para me limpar de todas as tentações. Eu vou resistir.

o que faríamos se fôssemos imortais?*

A resposta é simples: absolutamente nada.
Se, tendo a consciência de que vamos acabar por morrer mais cedo ou mais tarde, passamos a vida a adiar as coisas que deviam ser feitas porque não dá jeito ou porque não apetece, se tivéssemos a eternidade por nossa conta nunca chegaríamos a fazer nada.


*Foi a pergunta que um psicólogo nos fez e que me deixou estupidamente contente porque volta e meia sabe bem ter alguém que levanta questões que nos façam pensar.

por ser dia dos namorados

Só tenho uma coisa a dizer:

Casalinhos da zona centro, façam o favor de ir jantar fora com os xuxuzinhos das bossas bidas, sim senhor, nada contra, vocês também têm direito a jantarzinhos com velas pirosas e endoscopias nojentas e repletas de baba nos queixos assim a céu aberto, mas a seguir façam também o favor de ir pinar para o aconchego do vosso lar. Nada de passeios de mão dada a meio da noite, nada de saídas para bares, discotecas e afins, nada de me aparecerem à frente.

Eu estou muito bem com a minha condição de solteira mas sou bem capaz de ficar meio ressabiada se me cruzar com um milhão de múmias a escorrer mel pelos cantos da beiça. Quero sair à noite na santa paz de nosso senhor jesus cristo e ser feliz a dançar a sós com o meu copo até que amanheça e os meus pés estejam desfeitos.

Depois até podem pinar no meio do jardim, a ver se eu me importo, mas hoje não.

about me

Apercebi-me de que tenho racionado os sentimentos a minha vida toda - mais do que os sentimentos, as palavras parecem-me distribuídas a conta gotas, entrega-se um eu gosto de ti em mãos só nas datas especiais, tipo aniversários, natais e outras raras exceções. Depois descobri que há alturas em que se gosta tanto que deixa de caber nesse recôndito da alma e já não se vai de modas; gosto de ti, gosto mesmo muito de ti, adoro-te pra caralho e já nem quero saber se é ridículo dizê-lo. Gosto, ponto final.

doesn't fit in

O meu principal objetivo é estupidamente simples: caber numas calças que comprei no final do verão passado. Na realidade, elas servem-me mas eu meti na cabeça que elas me ficavam melhor se eu fosse mais magra e então é basicamente isto; toda uma obsessão movida por um par de calças que se calhar nem valem tanto assim o esforço. Mas a minha auto-estima vale.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

por ser sexta feira treze

Eu podia não dizer nada, podia fazer de conta de que estou distraída e não me lembrei disto o dia todo, mas não sei fingir - sou mesmo estupidamente boa com datas e os pormenores raramente me falham. Sentia que me faltava alguma coisa por não ter assinalado isto.

Faz hoje oito meses; também era sexta feira treze, noite de luar. Saí nessa noite; entenda-se, estávamos naquela época chata em que não fazemos mais nada senão pensar nos exames, desesperar pelos exames, deprimir com os exames, e a precisar urgentemente de alguma coisa que nos acalentasse o espírito. Então, saímos nessa noite para esquecer, para dançar até de manhã, para beber. Era sexta feira treze, repito, e eu tinha essa estranha sensação de que aconteceria alguma coisa de extraordinário porque o treze é o meu número. E aconteceu.

No meio de tanta gente, numa festa ao ar livre, reencontrei alguém que nunca pensei que voltaria a ver e que nunca achei que pudesse vir a significar tanto para mim. Mas foi nessa noite, faz hoje oito meses, que tudo começou.Não acabámos bem; ele desiludiu-me, magoou-me e, para vos ser franca, até a ideia de ser altamente provável eu encontrá-lo amanhã me deixa zonza, mas ensinou-me imensas coisas. Tal como disse: o ano passado foi um ano do caralho em que tudo me aconteceu, em que fui um milhão de vezes ao tapete, mas não deixou de ser um dos melhores da minha vida. E, de alguma forma, ele contribuiu para as duas coisas, mas agora só lhe tenho a agradecer, apesar de tudo. Ele fez-me perceber de que havia vida muito além dos limites que eu tinha imposto a mim mesma, durante anos. Fez-me entender que nem toda a gente olhava para mim da mesma forma que eu - independentemente de tudo o que se seguiu, dos que vieram depois, ele foi o primeiro. Deixou-me mais solta, mais livre, do que nunca e, sobretudo, antes de todos os estragos, fez-me bem. Perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe, não é?

Faz hoje oito meses, era sexta feira treze, noite de luar, e a minha vida mudou.

tenho um comunicado importante

Não encontrei a cura para o cancro, não comecei a oferecer notas de quinhentos euros nem descobri um método para impedir que as unhas dos pés cresçam - mas o que tenho para vos dizer é absolutamente revolucionário.

Okay, não é. Não é, mas há um menino, de quem eu gosto muito, que mudou o link do blog e agora teme não ser encontrado. Só para que conste: são vocês quem perdem, porque o gajo é giro como tudo e escreve super bem. Isto tudo para dizer que o antigo the 3rd from 96 passou a chamar-se rapaz do búzio. Quem já conhecia, faça o favor de ir ver. Quem não conhecia, faça o favor de ir conhecer. Digam-lhe que vão da minha parte e que já vai sendo tempo de ele perceber que eu sou o grande amor da vida dele.

É só.

on my way to hell

Ok, confesso - sempre que abro o feed e me aparecem coisas do rapazinho, não hesito em ler; não é por mal mas, de cada vez que tenho notícias dele, começo a pensar que sempre fui muito injusta com a vida ao dizer que não tenho sorte; eu e ele podíamos ter resultado mesmo. Nem quero pensar em tal cenário.

Posto isto, hoje senti-me particularmente generosa e apeteceu-me retribuir os likes do moço. Meti-lhe um. Um único gosto num comentário onde ele dizia que o urso da natura é mais bonito do que ele. Apesar de ele até ter deixado crescer a barba agora, espero que não lhe restem dúvidas de que é mesmo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

calmamente

Acho que nunca disse isto mas eu apoio completamente todas as pessoas que jogam enquanto têm a peida na cagadeira - não há mesmo nada de errado em estarm a jogar sudoku enquanto cagam. A sério que não.

Desde que não seja numa casa de banho pública.
Desde que eu não esteja à espera.

um pedaço de trapo moldado ao corpo

E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

O meu amor de sempre num desses dias complicados.

cinderella goes to the gym

Estou mais ou menos certa de que a ideia de uma das paredes do ginásio ser corrida a espelho de uma ponta à outra é exatamente para aqueles momentos em que me apetece mandar aquilo tudo com o caralho e vir para casa chorar e afogar as mágoas em chocolate. 

De cada vez que me dá uma crise dessas, vejo que sou um bizonte e lembro-me do porquê de estar ali. O problema é que logo a seguir começo a pensar que nasci mesmo para ser gorda e que mais vale vir afogar-me em chocolate mesmo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

sobre os meios amores

[por qualquer motivo, nunca sou atraída pelo que é fácil - ou é a impossibilidade que me dá segurança ou é a teimosia que me enche de vontades impossíveis. não sei. não me canso de dizer que somos impossíveis e um assunto encerrado, mesmo que o meta em cima da mesa todos os dias, mesmo que reabra o nosso processo uma e outra vez, só para ver se já há alguma lei que nos atribua uma denominação plausível, uma segunda chance. ou terceira. quarta. milionésima. queria-te para mim; não te queria. não te quero. quero-te ao pé de mim, mas não te quero para mim. ao invés, és a minha boneca mais bonita abandonada na prateleira mais alta onde nem as pontas dos meus dedos chegam mesmo quando me ponho em bicos dos pés. não te chego mas fico aqui, a olhar, a imaginar o que seria se te conseguisse tirar daí. às vezes salto. outras vezes, estico-me mais. uso saltos altos. manobras impossíveis. nada resulta, nada adianta. de vez em quando, lanço um olhar de soslaio ao banco - talvez seja fácil. talvez só falte um empurrão. talvez a resposta esteja numa medida rápida, ágil mas mais eficaz do que tudo o resto. talvez seja uma questão de tempo até que eu tome fôlego e te vá  buscar. ou então, que desista de ficar à espera que venhas. talvez.]

solteiríssima

Tenho um pedido muito sério a fazer-vos - não é que eu goste de o fazer porque, já se sabe, eu não vos vou oferecer quatro sabonetes para compensar, mas o momento assim o exige.

Quero que se juntem a mim num minuto de silêncio pela dignidade do mocinho que agora decidiu pedir conselhos num estado no fb sobre sítios onde ir jantar no dia dos namorados porque ainda não tinha conseguido escolher.

Ah boa, arranjou outra, já me safei das investidas.

Sugerem-lhe restaurantes. Ele agradece. Dizem-lhe que tem de ser ao gosto dos dois.
Dos dois? Mas  eu vou sozinho! Se é assim que eu estou bem, achas que eu vou ficar em casa?

Ok. Então o rapaz está à procura de restaurantes para ir comemorar o dia dos namorados. Sozinho.
Breathe in, breathe out - podia ser eu. Podia, neste momento, estar a tentar arranjar um sítio para um jantar romântico, com ele. Mas não sou porque o mocinho meteu a pata na poça e porque eu não ando neste mundo a brincar. Não sou porque o mandei com o caralho a tempo. 
E é nestes momentos que eu penso que afinal deus existe mesmo.

that love.

Este é provavelmente um ato de pura maldade mas eu acabei de encontrar este texto, por mero acaso, no fb e deixou-me a chorar baba e ranho. Quero fazer-vos puxar pelo lencinho também.
Para vos contextualizar: isto foi escrito por um rapaz que perdeu a namorada há precisamente um ano. Podem começar a chorar a partir de agora:

Um ano.
Faz hoje um ano que falaste comigo pela última vez.
Que ouvi a tua voz.
Que grande parte de mim adormeceu, contigo.

Esta é uma semana de muito aperto, mas se há momento que me amarrotou o coração, foi este.
Fui buscar as tuas coisas ao teu quarto em Évora, levantei a capa do teu iPad e vi as minhas mensagens... Por responder.

Casas...
Passei o dia a enviar-te casas para vermos.
As horas foram passando e eu comecei a estranhar o teu silêncio.
Enviei-te mensagens para o telemóvel, para o e-mail, para o facebook, liguei-te e nada!
Nada, Carolina... Nada!
Assim que desses sinal de vida ia mandar vir tanto contigo! Cheguei até a ensaiar o sermão na minha cabeça.

Quando fui para a cama, pus o som do telefone no máximo e deixei-o ao lado da almofada.
Nessa noite a ansiedade já se tinha instalado como se sentisse que algo de mau tivesse acontecido.
Acordei várias vezes durante a noite e de cada vez que acordava tentava ligar-te.
Liguei-te tantas vezes que acabei com a bateria do teu telefone.

Na manhã seguinte ainda não tinhas dito nada.
Foi aí que comecei a virar o mundo do avesso.
"Assaltei-te" o facebook, enviei mensagens às tuas pessoas de Évora, perguntei por ti nos vossos grupos e nada. Ninguém sabia de ti desde domingo à noite e já era terça-feira.
Foi aí, quando me disseram que não tinhas ido às aulas, que tive a certeza que te tinha acontecido alguma coisa. Restava saber o quê...
Nesse momento quis com todas as minhas forças que estivesses em casa porque não suportaria a ideia de que alguém te pudesse ter feito mal.

De cada pessoa que me dizia que ia a tua casa só recebia silêncio.
E foi esse silêncio que amplificou a minha ansiedade.
Se já sentia, aí tive a certeza.
Só precisava que me dissessem.

"Pedro... Já não tens namorada."

Um ano depois, escolhi estar sozinho.
Escolhi enfrentar o espelho deste quarto de hotel, sabendo que não te vou ver nele.
Que não vais aparecer por cima do meu ombro e embrulhar-me num abraço quente.
Que não vamos lutar por um lugar no lavatório.
Que não vais chatear-me por demorar, por deixar a roupa no chão, por não ter lavado a cara, por te apertar, por invadir a tua metade da cama, por me mexer e não te deixar dormir, por adormecer antes de ti... Chata do caraças!
E eu dava tudo para que me chateasses todos os dias até a vida ter dias para nós.
E nestes 365 dias não houve um único em que não desejasse mandar vir contigo.
Por demorares a responder, por seres ciumenta e injusta.
Por deixares os produtos com a tampa aberta.
Por te enrolares nos lençóis da cama e me destapares.
Por tudo. Por nada. Mas ter-te.
Para que continuasses a testar-me a paciência dia após dia.
Para que continuasses a ser a chata do caraças que sempre foste.
A chata do caraças que fez com que eu nunca mais me sentisse sozinho.
A chata do caraças que escolheu amar-me para sempre.
A minha casa.
Minha Tendonzinha!

Quando reparo na miúda gira que passa do outro lado da rua (provavelmente loira), dou por mim a pensar se um ano foi capaz de mudar o que sinto por ti.
Se continuo apaixonado. Se me consegui desprender de tudo o que é físico e guardar-te em mim.
É aí que paro.
Paro e penso no que faria se me aparecesses à frente agora.
E aí percebo que não te quero menos um ano depois.
Que ainda sei de cor o sermão que preparei para ti.
Que és a chata do caraças que amo.
E que quero ficar do teu lado do passeio.

Mas hoje sou só eu e um quarto de hotel.
Eu e tudo o que mudaste em mim.
Eu e tudo o que fizeste de mim.
Eu e tudo o que aprendi contigo.

E apesar de tudo o que há teu em mim, hoje estou sozinho.
Sozinho como me senti em todos os dias deste ano.
E hoje, como em todas as noites desde que a noite te levou, não quero adormecer sem ti.
Não quero acordar e perceber que continuo sozinho.
Que nenhum beliscão me acorda daqui.
Que não vais mandar vir comigo por ter olhado para a miúda gira do outro lado da rua.

Mas hoje sou só eu e um quarto de hotel.
E hoje, um ano depois, decidi deambular pelas ruas desta cidade de phones nos ouvidos.
Decidi ficar por aqui e percorrer todas as travessas, todos os restaurantes... todas as pedras de calçada que pisámos.
Porque enquanto houver ruas de quem fomos haverá chão de quem somos.
Porque enquanto eu for, tu és.

Naquele último domingo em que te vi, a tua única preocupação foi não teres trazido o carro por causa do temporal e assim não poderes ir à aula de contemporâneo.
E eu tenho tantas saudades de ver o teu cabelo esvoaçar num passo de dança.

Tenho saudades de comer as bolachas da gaveta de baixo da tua mesa de cabeceira.
De te puxar do corredor do material escolar.
Dos teus dossiers coloridos e organizados, de tirar o fundo dos teus powerpoints, do teu ritual a ver notas no moodle, do cheiro dos teus marcadores coloridos, da Kina a atrapalhar-te e a mandar tudo para o chão.
De ficar a ver-te enrolar o cabelo. Do teu jeito de coçar o nariz.
De inventar sempre formas de te surpreender.
Dos teus pratos especiais.
De te ter no lugar à minha frente.

Do som das rodas de plástico da tua mala cor-de-rosa calçada acima na Rua do Raimundo.
Do eco do teu sorriso infinito adentro.
De ver duas sombras no chão à minha frente e dois reflexos no vidro ao meu lado.
De fazer do meu Fiat Punto Ferrari para vir até aqui cuidar de ti quando ficavas doente.
De atravessar Évora no gelo da manhã para ir buscar pão do dia para o teu pequeno-almoço, antes de ires para as aulas.
Do teu mau feitio pela manhã (e estou a ser simpático).
De deixar tudo a brilhar antes de chegares.

De tudo.
De ti.
De nós.
De mim.

Um ano depois?
Preciso que me segures onde o tempo não chega.
Que espalhes sentido em mim.
Que fiques quando todos forem.
Que sejas o depois quando o dia termina.
Que sejas chão onde o mundo acaba.
Que dances onde a gravidade não pesa.
Que estejas bem.

Por aqui está tudo bem.

Só faltas tu.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

complicada da raíz às pontas


Como a maioria das gajas, quero ter o cabelo comprido mas passo-me com o trabalho que isso dá - ainda nem a meio das costas vai e eu já ando com ideias dramáticas de o cortar pelos ombros outra vez, mas não o vou fazer. Ainda não.

Ora, o meu problema é que a minha cabeleira farta é bastante peculiar; finíssimo mas com imenso volume, deixa-me com duas hipóteses: ou pura e simplesmente nem o penteio e passo o dia com uma juba enorme, ondulada e esgadelhada ou estico-o para ele andar razoável. O problema é que nem sempre tenho tempo nem paciência e então já tivémos uma relação mais fácil.

De tanto o esticar, ele começou a ondular menos e a ser mais fácil de domar, mas entretanto eu tive a infeliz ideia de comprar um spray daqueles que servem para tratar dos cabelos secos e para ajudar a pentear. Cheira bem e tudo mais mas, por qualquer motivo, faz-me acordar no dia seguinte com o cabelo mais ou menos assim:



Desisto.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

hoje

Um homem relativamente jovem, com licenciaturas em tudo quanto seja matéria para se licenciar, que não só troca os  b's com os v's e a meio ainda saca do lencinho de pano. Priceless.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

focus.

Se deus existe, até pode não ter sido ele a criar o mundo, mas meto as mãos no fogo em como foi ele que teve a brilhante ideia de se criarem diferentes playlists para os mais variados moods no spotify.

E os anúncios sim, são obra do diabo, mas wtv. Hoje está a saber-me pela vida.

um dia destes eu volto a dormir

Não sei se vos interessa, mas achei por bem informar-vos de que as minhas skills no que toda a adormecer em sítios estranhos estão mesmo a desenvolver-se a olhos vistos - ainda ontem, por exemplo, adormeci sentada com as pernas à chinês, no meio da cama e sem estar apoiada a nada, enquanto dobrava cuecas.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

utopia

Hoje amo-te para sempre - não é que ache realmente que te amo nem tão pouco passei a acreditar na eternidade dos sentimentos, mas, hoje, o que sinto por ti é demasiado bom para não ser amor e demasiado forte para durar menos do que uma vida inteira. E, mesmo assim, ainda havíamos de desafiar a morte para nos deixar amarmo-nos mais um bocadinho. Mas isto é hoje, e amanhã eu não sei.

Só te amo porque não te posso amar - toda a minha vida fui contra o amor criado em cima do joelho num papel amachucado. Sempre achei que valia mais escrevê-lo num daqueles cadernos pautados, com duas linhas até, quando tivésse tempo para desenhar a letra bonita quando escrevesse o teu nome; mas o amor assim não existe e eu não acredito nele de outra forma, e então amo-te à pressa nessa mixórdia mal amanhada que é o que eu sinto por ti. Só te amo porque não te amo. E porque não sei o que é o amor.

Disse-te há dias que há muito tempo que queria conhecer alguém como tu - não te menti. Andava à tua procura antes mesmo de saber que existias; queria alguém como tu, que não me fizesse sentir vazia pela forma como olha para mim, que não gostasse de mim só porque sim, só porque às vezes sou simpática e cheiro bem. Queria, disse-o muitas vezes, que olhassem para mim pelos motivos certos, que valorizassem o pouco valor que encontro em mim mesma. Queria deixar alguém entorpecido pelo que sou e não pelo que pareço. E então, encontrei-te.

Há muito tempo que queria conhecer alguém como tu - que compreendesse que eu sou realmente complicada e que tento fugir muitas vezes mas que não desistisse de me tentar agarrar. Que fosse capaz de gostar de mim mesmo nos dias em que eu não mereço, mesmo quando eu não valho nada, mesmo quando eu me perco. Que visse além do que se vê e que compreendesse o que eu calo. Eu ter-me-ia ido embora se em algum momento tivesse realmente querido ir - mas fui ficando porque me fizeste ficar. Tanto por aquilo que eras comigo, como por tudo o resto que eu conseguia ser contigo.

Há muito tempo que queria conhecer alguém como tu, nunca é demais dizê-lo. Transformaste a minha vida num caos calmo, num desses pequenos infernos onde queremos viver para sempre; sabes-me tão bem e tão mal ao mesmo tempo que eu nem sei o que fazer contigo e com o que somos porque, não podendo ser nada, somos tudo. Somos tudo o que de melhor tenho. Somos essa junção utópica do certo e do errado, e impossíveis, tão impossíveis que não consigo desistir de nós. Quero acreditar que temos alternativa, que não tem de ser assim. Mas tem. Querendo ou não, tudo acaba um dia - e amanhã eu não sei mas hoje, meu amor, hoje eu amo-te para sempre.

vidas tristes

Em temos temi que o facto de eu só conseguir desenvolver as minhas skills em mandarim quando estou bêbeda pudesse pôr em causa o meu futuro promissor - esse pesadelo acabou.

Ontem, devo ter demorado apenas uns trinta segundos a adormecer - mas depois, não sei precisar quanto tempo mais tarde, chegou a já habitual mensagem foficoisa de boas noites. De alguma forma, eu devo ter acordado e continuado a dormir, tudo em simultâneo, porque eu respondi e não me lembro de tal coisa. Só sei que hoje de manhã percebi que o meu futuro não está arruinado nem dependente de uma inscrição nos alcoólicos anónimos quando encontrei a mensagem, por mero acaso, e dizia:

eu adoro. adoro mesta.

Creio que a intenção fosse escrever eu adoro-te. adoro mesmo. mas não tenho tanta certeza acerca disso quanta tenho sobre isto ter sido obra do demónio. Fordalóbeógod.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

ainda sobre os desafios de deus

Também encontrei a todas as ruas do amor, da flor-de-lis, e foi bonito porque por acaso ainda me lembrava da letra, mas entretanto a gaja enganou-se. Ou isso ou eu cantei aquela merda mal o tempo todo.

COMO ASSIM é se sou chuva, és aguarela e não se sou chuva, és amarela?
COMO ASSIM é sou o sol na neve nua e não sou o sol da ave nua?

lord is testing me

Acabei de ligar o meu notebook e cometi o erro de ir ver as músicas que lá andam, desde os meus doces 12, 13. Vi uma com um nome esquisito e fui ouvir. Começa.

RABO DURO, RABO DURO, RABO DURO RABO DURO
mexe o rabo, pede um desejo
mexe o rabo e dá-me um beijo
não aguento mais este calor, mexe a bunda e dá-me amor
és a dama que eu necessito, é contigo que eu me excito

(and so on)

Posto isto, vou só ali cometer o suicídio. Continuação de uma boa noite.

about a guy

Fica. Quero que fiques. Quero que me mostres todos os teus lados. Quero que me mostres o teu lado negro e o teu lado com cor. Quero conhecer os teus dias de tempestade e as tuas noites de luar. Quero conhecer o que te faz rir e o que te leva a chorar.
Fica. Escolho que fiques. Escolho querer ter-te por perto. Escolho precisar de ti por aqui. Escolho que não te ausentes daqui.
Fica. Quero-te aqui. Escolhi-te a ti.
Ficamos?
 Rita Leston 

cinderella goes to the gym

Confesso que tive uma certa de esperança de encontrar gordos por lá, autênticos sócios na arte de abanar o banhedo residente, mas parece que estes estão e vias de extinção e eu sou a única. Tudo quanto é criatura com quem eu por lá me cruzo parece ter começado a treinar ainda dentro do útero e, tirando uma moça mais gordinha, aquilo está a abarrotar de gente gostosa. E depois existo eu.

e o prémio nobel da melhor amiga do mundo vai para...

ela: aii e sabes quem é que também me acha muito gira?!
eu: quem?
ela: ninguém.
eu: eu. e a tua mãe.

... outra pessoa que não eu.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

só não partilho

Há uma tendência geral para me sugerirem mézinhas para dormir e merdas que tal - eu limito-me a rir e a esperar que párem de tentar solucionar um problema que eu não tenho. Não sofro de insónias, sofro de falta de vontade de dormir, ou de falta de tempo, e descobri um motivo válido e valioso para me manter acordada. 

crónicas de uma gaja que já se esqueceu do que é dormir mais de 4h por noite

Uma das skills que eu estou a finalmente a conseguir desenvolver é a de adormecer nos locais mais inusitados; comecei pelas salas de espera dos hospitais e agora já vou em comboios, estações de comboios, salas de aula, mesa de cozinha. Só ainda não adormeci em pé porque deus não quis.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

até um dia destes

Já não me lembro de ler como deve ser - já nem me lembro de escrever como antes. Ando há mais de um mês a arrastar o prometo falhar mas, quando tenho tempo livre, ou tenho mais coisas para fazer ou estou absolutamente esgotada. E sinto a falta de me perder nas palavras alheias porque não sei conviver comigo própria durante muito tempo seguido - mas perdi-me de mim mesma e estou à espera de conseguir voltar. 

digam que estou num compromisso emocional muito sério

Adorava que as pessoas compreendessem que o facto de eu estar solteira não é, de todo, sinónimo de estar disponível e recetiva a endoscopias gratuitas quando não solicitadas - entender esta premissa parece-me uma excelente forma de evitarem encontros bruscos da minha mão com a tromba. Mas as pessoas não aprendem e depois queixam-se.

melting

Nunca pensei que algum dia ia chegar a este nível de pirosinha-insuportável mas tenho de admitir que uma das coisas de que eu mais gosto é mesmo o facto de ele ter um nome, fofinho e piroso ao nosso nível, que só ele é que me chama.

pretérito perfeito do futuro presente

Nunca dizer desta água não beberei - porque, já disse, deus é um tipo com um humor estranho e, de quando em vez, mostra-nos que a água de que não gostávamos ou de que não queríamos gostar nem que fosse a última gota no deserto, pode ser a melhor do mundo. Ou, pelo menos, a que dá mais vontade de beber.

ou como alguém diz, vai à volta que por aí não passas.

Tinha desistido de dar importância suficiente ao assunto para vir aqui escrever sobre ele, mas há dias um comentador anónimo perguntou-me se o mocinho de quem eu aqui tenho falado é o mesmo que me trocou por uma miúda com celulite nos joelhos, e a resposta é... não, claro que não!

Por muita falta de amor próprio que eu tenha, já aprendi que mereço bem melhor do que um gajo que acredita que eu lhe dou hipótese de me mentir duas vezes e ele continua cá para contar a história. Ups.

No entanto, ele continua nas vidas dele, talvez numa tentativa frustrada de reaproximação. Depois de me ter desbloqueado no fb, sabe-se lá por alma de quem, decidiu adicionar-me, há coisa de umas duas semanas, e vai metendo gosto nas minhas fotos, como quem não quer a coisa. Não sei se vai tentar ou não falar comigo, apesar de me parecer provável que acabe por o fazer - o que ele ainda não sabe é que vai para o caralho com carta de recomendação. As mommy says, eu sou um tanto ou quanto implacável e, se perder a confiança, se deixar de gostar, é mesmo melhor meterem-se a milhas.

De qualquer forma, fordalóbeógod, eu prefiro um gajo que esteja consciente de que eu sou a única portadora de ovários na relação. Se tudo correr bem.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

é isto

É mais ou menos isto. Uma confusão. Uma baralhação. Um turbilhão de ideias e de quereres. Um misto de saudade desinquietante e vontade urgente. Um digo-não-digo, faço-não-faço, um vou-não-vou. Um apetece-me-tanto-mas-não-pode-ser. Um eu-não-te-deixo-ir-embora-mas-não-te-peço-para-vires. Uma mistura de sentimentos polvilhada com um punhado de sensações. Uma junção de desejos imaginários ornamentados por sonhos reais. Um emaranhado de paixão urgente e amor calmo. 
Tu e eu somos uma confusão. Calmamente desinquieta. Gritantemente calada.

Estão a ver aquela peça de roupa que não é nossa mas parece ter sido feita para nós? 

cinderella goes to the gym

Não sei se hei de me sentir embaraçada por, na maior parte do tempo em que estou no ginásio, estar sempre sozinha com gajos ou se hei de ficar agradecida aos deuses das motivações porque, foda-se, eles são mesmo gostosos.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

quando os defuntos tentam voltar à minha vida

Não tenho uma regra quanto às minhas partidas; ou digo que me vou embora e vou mesmo, na mesma hora, e sem olhar para trás, ou digo que vou e vou ficando, deixo a porta entreaberta e deixo-me ir em passo lento, permitindo que me segurem e me façam ficar. Não tenho uma regra quanto a isto porque depende, como quase tudo, do que me apetecer no momento.

Contudo, posso garantir-vos uma coisa: se me for embora, não volto. Não adianta tentarem voltar a entrar na minha vida, porque eu não vou permitir que o façam. Não mesmo.

grrrrrrrrrrrr.

Começam a enervar-me os olhares de desaprovação e desapontamento de cada vez que eu digo que mudei de ideias e os meus planos já não passam por uma ida para a universidade; dizem que faço mal, que vou ser menos do que os outros, que podia ir mais longe. 

Estou mais ou menos consciente de uma pessoa que não passe anos na universidade será eternamente julgada como inferior e sem estudos mas, meus amores, eu não sou de modas - neste momento, toda a gente entra nas engenharias do raio-que-os-parta e a maioria nem sabe bem o que lá anda a fazer, mas sabe que essa é uma boa forma de gastar o dinheiro dos papás em tudo quanto seja festa e, mesmo assim, deixá-los orgulhosos porque um dia o menino vai ser um sô doutor. Ainda que, quando esse dia chegar, eles já estejam mais mortos que vivos e o tipo precise de andarilho. Pormenores.

Além do mais, eu não preciso de um diploma que me dê estatuto para acabar a repôr as prateleiras no lidl. Nem a gritar por batatas fritas e mais um cheese no mac. Posso ter, mas é só para esfregar na cara dos outros que estudei mais, apesar de valer a mesma merda; são escolhas. E eu já fiz a minha.

Já quis ser veterinária, já quis ser enfermeira e até - gozem lá com a minha alma de pelintra - já fui uma miúda que passava horas à volta do cabelo das bonecas e jurava a pés juntos que queria ser cabeleireira. Agora eu não sei o que quero ser, mas encontrei uma forma de chegar mais perto de onde queria estar, mas de forma menos comprometedora e, sobretudo, menos definitiva; no final das contas, percebi que nunca me adiantaria de muito andar a estudar quase até aos trinta anos para depois, ainda por cima, ter um desses empregos onde, se algum dia cometer a loucura de constituir família, cruzo-me por acaso com o puto na cozinha e a criatura pergunta ao pai quem é a gaja e porque raio é que ela de vez em quando aparece lá em casa. Sobretudo, eu quero trabalhar para viver e não viver para trabalhar, mas preciso ainda mais de estar segura de que não preciso de fazer o que faço hoje até ao fim dos meus dias, só porque em tempos me pareceu a escolha certa. Sou demasiado instável para me comprometer, para escolher uma profissão para sempre. Sou demasiado livre para me querer prender a alguma coisa. E portanto, se decidirem vir falar comigo sobre o quão mais feliz eu seria se me enfiasse na universidade, não venham. Vão-se foder e enfiem os canudos no cu; eu estou bem assim.

ainda assim, é bom

O meu cérebro foi configurado para apenas acreditar que seja possível alguma coisa servir-me quando é um número fabricado para elefantes extra-gordos - e então lá estava eu, na sportzone, em desespero porque as leggins que me apareciam à frente ou eram demasiado finas e quase que dava para ver os pontos negros em HD, ou os elásticos eram uma merda e pareciam tudo menos elásticos, ou eram de cores absurdamente aparatosas e eu não ando aqui para fazer de árvore de natal.

Entretanto encontrei mais ou menos o que queria; um pack de duas, preço acessível, elásticos bons, umas pretas e outras pretas e cinzentas. Mas era o último pack e era um M; solta-se assim aquele grande foda-se frustrado porque aquela merda só me servia nas orelhas. Peço à empregada que procure umas L ou XL. Ela vai; anda uma eternidade a saricotar pelo armazém e volta com o mesmo pack na mão. Era mesmo o último.

Fiquei fodida da vida, pois tá claro. Mas, só por via das dúvidas, levei-as para o provador, juntamente com mais um milhão de outras, todas feias que só elas e fracas que nem eu. Experimentei; afinal o M estava-me mesmo bem e qualquer número acima seria uma boa maneira de elas me dançarem na cintura e eu amaldiçoar os elásticos quando, na verdade, o único problema é eu comprar roupa onde cabem oito gajas iguais a mim.

awn.

Gosto tanto de ti - mas somos impossíveis. Ou somos uns possíveis difíceis e altamente improváveis, e talvez seja isso que torna tudo tão bom; nada nos é certo, as incertezas são assustadoras e fazem-me querer bater-te com a porta na cara quase todos os dias só para não me ligar mais, para não gostar mais, para não querer mais - mas eu sou tão mais feliz quando te tenho que acho que fiquei viciada nessa sensação e não importa quantas vezes diga que me vou embora; estou bem instalada em ti. Pelo menos por agora.

Somos impossíveis e eu ainda gosto mais de ti por isso - porque não te devo nada mas já não consigo faltar ao compromisso que não temos e o mundo já não me sabe ao mesmo se não te tiver à minha espera; tenho sorte em ter-te encontrado, perdão, tenho sorte por me teres encontrado. Fazia-me falta conhecer alguém como tu, que me parecesse a peça perfeita para o meu puzzle incompleto e, ainda assim, permanecer incompleta e com a certeza de que ninguém é mesmo de ninguém. Mas um dia destes eu roubo-te e nunca mais te devolvo, só para veres como é que elas te mordem. 

O melhor de tudo é ninguém ter como saber de nada - é seres a minha poção da felicidade escondida algures onde ninguém lhe pode chegar e, ainda assim, todos poderem comprovar que eu a tomei. Roubas-me horas de sono só para poder ouvir a tua voz e ainda me arrancas sorrisos desnecessários e incompreensíveis no meio da rua; sou mais feliz quando me chamas nomes pirosos e eu não consigo ficar chateada porque, foda-se, eu gosto tanto de ti, tanto mais do que julguei que seria possível, que quero desatar a correr rua fora, nunca mais ouvir falar de ti, nunca mais pensar em ti, nunca mais me lembrar de que existes, só porque isto não podia ter acontecido - mas fico, porque gosto tanto de ti. Foda-se.

Há uma parte de nós que vive perdida no que não somos - e talvez nunca sejamos nada, talvez isto tenha um prazo curto e daqui a nada já nem queiramos saber, mas agora somos tudo o que podemos ser e mais um bocadinho. E se alguém perguntar o que me és, digo que és o meu bocadinho de paraíso secreto.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

i got that going for me

Passo a vida a dizer que deus não me curte mas acho que hoje o tipo levantou-se do lado errado da cama e apeteceu-lhe redimir-se - andava há meses a namorar umas sapatilhas, lindas que só elas, mas não as comprei porque sabia que não precisava realmente delas e que essa chuva de outfits, onde elas ficavam perfeitas, que me vinham à cabeça são inerentes à minha condição de gaja consumista. Mas agora precisava de comprar umas e foram as primeiras que me vieram à cabeça; já só havia um par e era o meu número. Também precisava de umas leggins; só havia um pack de duas na cor que eu queria e também eram o meu número. Os meus iogurtes preferidos estavam em promoção. As barritas de golden grahams também.

Hoje quase que eu também curti do gajo. Quase.

perco a fé no mundo oito vezes por dia


Não tenho a certeza se isto será uma carta de suicídio ou se a miúda demorou mesmo 19 anos a chegar à maravilhosa conclusão de que não vai ficar neste mundo para semente e isso lhe acalentou o espírito, talvez cansado de ser um lagar de azeite ambulante.