segunda-feira, 9 de março de 2015

dramas de uma vida

É do conhecimento geral que a minha autoestima ficou no útero e eu nunca cheguei a conhecê-la - é também certo e sabido que, qualquer que seja o elogio que me façam, eu sei contorná-lo com oito defeitos porque, em suma, eu detesto-me quase tanto quanto detesto a maioria das pessoas.

Por qualquer motivo, nos últimos tempos toda a gente parece ter-se lembrado de elogiar o meu sorriso; que tenho os dentes perfeitinhos, que tenho um sorriso bonito, que isto e que aquilo. Eu rio-me sempre com ar de quem sabe que este é aquele tipo de elogio à laia do és-feia-mas-és-boa-menina, e respondo que não é bem assim, que tenho os dentes um bocado tortos e um dente anão, vá. um bocado mais pequeno do que os outros, fruto da minha pequena particularidade  (dente esse que, supostamente, nem iria nascer e assim ao jeito de vingança até me nasceram dois, mas não há que temer porque a situação já está normalizada). Claro que este é só mais um dos mil e um motivos que eu arranjo para não gostar de mim mas ainda me deixa espantada que haja gente que diga que nem reparou. 

Como assim, não reparam? Como assim, dizem que tenho um sorriso bonito sem repararem exatamente na primeira coisa para onde eu olho quando o vejo? Como assim não veem que sou horrível? E então eu não entendo. Eu nunca entendo.

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