quinta-feira, 30 de abril de 2015

cinderella goes to the gym

Como já era de esperar, depois daquele treino diabólico de ontem, acordei com dores em músculos que eu não sabia que tinha e passei o dia a arrastar-me por aí, armada em sexagenária raquítica. Mas eu sabia que tinha de ir ao ginásio hoje, antes do fim de semana prolongado passado a rebolar - mea culpa: fiz uma daquelas pausas dramáticas já à porta do dito; fiquei quieta, dentro do carro, a ponderar se entrava ou não na mansão do diabo.

Mas entrei.
Entrei e fiz o mesmo treino de ontem. Posso dizer-vos que este post só não foi escrito por mim com uma caneta na boca para carregar nas teclas, porque o meu cestinho de canetas é  um bocado alto e eu não consigo levantar assim tanto os braços. 
Dói-me tudo. Tudo mesmo.

aqueles atestados de ódio

Só para que fique claro: eu guardo um lugarzinho especial na minha lista negra para aquelas criaturas que, tendo espaço mais do que suficiente para estacionar um camião à frente do meu carro e conscientes de que quase ninguém estaciona ali, fazem questão de colar a caixa de fósforos ao meu carro e me obrigam a fazer um milhão de manobras para sair do parque, quando seria capaz de o fazer diretamente se dois seres demoníacos não se tivessem lembrado de me entalar ali. Pior: além de terem estacionado colados à parte da frente, colou-se outro à parte de trás, sabe deus porquê.

Faleçam. Os dois!

essas datas que não se esquecem

Há pessoas que nos morrem mas que nunca morrem em nós - morreu-me alguém a quem os laços de sangue nunca uniram mas que os afetos compensaram; considerava-me a neta mais velha. E, quatro anos após a morte dele, ainda sinto que me morreu um avô.

A morte nunca nos há de parecer justa quando ceifa a vida dos que amamos e eu não soube despedir-me dele - quis acreditar, até ao fim, que haveria uma próxima vez, uma nova visita, uma última oportunidade que se estenderia eternamente. Mas, um dia, não houve mais dia nenhum. Não houve mais visita nenhuma. Não houve mais vida por trás daqueles olhos azuis que ensinaram os meus a olhar o mundo.

Tenho saudades dele; lembro-me da gargalhada, da cabeça calva, do olhar risonho, mas esqueci-me da voz. Esqueci-me da voz que me contou histórias em menina, nessa menina que eu queria ser para sempre só para o ouvir mais uma vez. Esqueci-me até da voz trémula que, já no hospital, já nos últimos dias e numa altura em que ele mal tinha força para falar e raramente reconhecia alguém, me recontou, pela milionésima vez, uma das minhas tropelias de pequenina. E eu ri-me de lágrimas nos olhos - creio que, parte de mim, sabia que era a última vez que o ouviria dizê-lo, mas a outra parte recusava-se a aceitá-lo.

E saí do hospital, nesse dia, sem saber que seria a última vez que o veria com vida. Sem saber que me deveria ter despedido melhor, que devia ter garantido que ele sabia o quanto eu gostava dele - mas não o fiz. Por mais voltas que dê, não consigo relembrar-me do que lhe disse. Resta-me a certeza de que ele soube despedir-se de mim e que me guardou no coração até ao fim. Mas isso não chega para acalentar uma ausência de quatro anos. Não chegará nunca.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

cinderella goes to the gym

Fui para o ginásio super entusiasmada; além de já estar cansada do antigo, sabe-me sempre bem ter um plano novo, mais puxado e certamente sinal de que vou sendo capaz de fazer  mais e mais.

Algo me pareceu errado quando ela me disse que eu podia ir começando com dez minutos de passadeira e já me levava o plano completo. Se eu tinha começado com quinze e passado para vinte, nunca nesta vida ela me ia diminuir o tempo de corrida. Mas decidi esmerar-me: se só tinha aqueles míseros dez minutos, tinha de os fazer valer a pena, e meti-me a correr o mais que conseguia. Até que ouvi dizer tsssssssssss... esqueci-me de te dizer que estes dez minutos são de aquecimento, tens mais vinte no final... e fiz-te um treino no trx que é para morreres.

Começámos bem.
E ela não mentiu; o resto do treino é coisa do diabo, sinal de que a moça foi possuída quando o fez; sinto que vou precisar de um mês para recuperar de hoje. Mas amanhã estou lá outra vez.


terça-feira, 28 de abril de 2015

isto dá equivalência a medicina?

Há cerca de um ano, também fui procurar ajuda médica para tentar perceber porque raio teriam as minhas axilas escurecido, se eu até tomo banho de vez em quando e tudo mais - da médica de família, recambiaram-me para dermatologia; toma lá uma pomadinha que te custa os olhos da cara e só não custa o do cu porque és gente decente, isso é excesso de insulina, vais dar uma volta à medicina, ok ok, fui à consulta de medicina ouvir o habitual não sabemos o que é isso, pode não ser nada ou poder ser sintoma de um problema mais grave, faça estes exames, são muitos mas faça conta de que estavam em promoção, está bem?, está pois, e vamos lá à consulta outra vez; não é nada de grave, continue a pôr a pomada que passa, mas vai fazer mais exames periodicamente - e fiz, exames que nada tinham a ver com a suposta acantose, e vai que me descobrem mais uns problemas e vais ali também à cirurgia, que nós sabemos que gostas de hospitais e prometemos serviço de quartos com pequeno almoço na cama, encontrei desodorizante em promoção, não é o que eu uso mas gosto da nívea, levo dois que sou gente pobre, e a vida continua, as manchas atenuaram, quase já não tinha nada, cheguei à conclusão de que o desodorizante da nívea não era para mim, que me sentia a cheirar mal ao fim de pouco tempo, e voltei ao meu grande amor, da rexona, que eu podia meter de manhã, passar o dia inteiro e ainda ir ao ginásio com a garantia de que havia de chegar a casa a cheirar bem, e lembrei-me da pomada, meti uns dias antes da consulta, escureceu outra vez, o drama, o horror, a tragédia, a xôtora não sabe, manda-me continuar que há de passar, daqui a uns tempos faz mais exames, por nada em específico mas eu gosto de a mandar fazer exames, e voltei para casa com a pulga atrás da orelha; fez-se luz e decidi experimentar. E foi assim que, ao fim de mil e uma aventuras, consegui descobrir sozinha o que médico nenhum percebeu: eu não tenho problema nenhum. Tinha um desodorizante demasiado agressivo para o meu tipo de pele.

E o mundo voltou ao eixo certo.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

feliz (des)aniversário, cinderela!

Se querem que vos diga, nem sei quando é que criei o cinderela - creio que o arranque oficial foi em julho, apesar de o ter criado antes, há uns três anos, mas não tenho a certeza - e também ainda não fui capaz de entender o que raio tinha eu na cabeça para lhe dar este nome. E repensei-o há uns tempos; mudar o nome e o link do blog de maneira a afastar de vez tudo quanto sejam visitas indesejadas e ir repescar, unicamente, quem me interessa era uma ideia que me aprazia. Mas iria perder o sentido.

Afinal acho que sei porque é que dei este nome ao blog; queria algo que mostrasse irreverência e pouca paciência para convenções. Queria, enfim, algo que eu soubesse que era só meu, absolutamente original e absurdamente sincero - e consegui-o.

Em tempos, quis ser anónima, quis ser pouco conhecida, mas falhei redondamente - graças a uma amiga, que teve um orgasmo cibernético quando descobriu que era eu quem escrevia o blog que ela lia há séculos e o publicou, isto ficou mais conhecido do que uma casa de putas; quem vê o cinderela de fora, não imagina o corropio que cá anda nas visitas. Nem conta que eu tenha maneiras práticas de perceber quem cá anda e a fazer o quê - e, digo-vos, não aconselho ninguém a ter disto! A não ser que queiram continuar a ver as pessoas da mesma maneira.

Desde os primórdios que tenho visitas indesejáveis, mas com as quais nunca me importei muito - o caso só mudou de figura quando me comecei a aperceber de que era gente que passava a vida a criticar-me e se dizia de muito ocupada mas que não saía de cá. Digo-vos - ainda hoje não sei como é que há tanta gente desocupada no mundo e como que raio é que o meu tempo também não estica a este ponto, para eu também me poder dar ao luxo de perseguir esta e aquela. Sério, parece doença mesmo.

E quis apagar o cinderela. Quis tentar moderar-me, deixar de expor tanto o que sinto realmente - mas qual quê? Uma pessoa cria um blog de raíz aqui a mostrar a essência desde o início e ia lá agora negá-la? Sempre usei a escrita como uma escapatória e este blog conta muitas mais histórias do que a minha caixinha de recordações - serve-me de guilty pleasure saber que, por mais que o leiam de uma ponta à outra, nunca hão de saber nada sobre mim. Ninguém faz ideia do que se passou, do que se continua a passar, nos bastidores deste blog, e é assim mesmo que eu gosto dele. O melhor, é um segredo meu. E o que se lê aqui são histórias reais ou divagações. Ou textos inventados, como que excertos do livro que eu nunca escrevi. Mas, ao fim ao cabo, apercebo-me agora, cresci para caralho com este blog. E, finalmente, percebi que tenho motivos para me orgulhar do que construí - digo-o sem ponta de modéstia nem réstia de culpa. Se cometo erros? Ah, se cometo. E alguns até repito, só para ter a certeza de que estão bem cometidos. Mas fazem parte e, no final das contas, olhando para trás, apercebi-me, pela primeira vez, de que tenho bons motivos para me orgulhar da pessoa em que me transformei. 

Hoje isto serve-me de post de reflexão, de comemoração de um aniversário em dia errado, de um brinde aos valores e àquele pedaço de autoestima merecido que descobri que tinha porque mo tentaram roubar - é a primeira vez que me sinto realmente superior, mas digo-o com a maior das sinceridades e, mais uma vez, sem uma única grama de modéstia: sei que o sou. E dá-me um prazer que nem queiram saber.

domingo, 26 de abril de 2015

ai a beatriz gosta.

Shame on me - nem sempre entendo à primeira o que a moça diz, mas adoro, que adoro, o sotaque e ri-me muito mais do que me orgulho com os vídeos dela. Ide, ide.

sobre as gentes

Lembro-me de uma altura da minha vida em que me perguntava muitas vezes a quem faria falta, ou sequer se faria falta, se morresse. E a resposta era triste porque eu não conseguia, e continuo a não conseguir, imaginar alguém, que não parentes diretos, a lamentar a minha morte durante mais do que um par de minutos. Não existiriam muitas pessoas a sentir a minha falta e isso dá-me aquela ideia de que tenho uma vida desperdiçada.

Voltei a pensar nisto recentemente. Não que esteja a pensar em quinar, que não estou, mas porque acho que é um bom exercício para arranjarmos os mais diversos motivos de suicídio; se nada mais me correr bem na vida, posso orgulhar-me de não ter espetado nada na carótida numa altura em que, claramente, a minha vida não valia lá grande coisa. E mais ainda se essa altura tiver durado a minha vida toda.

Há uns meses, alguém me disse que eu me achava demasiado importante para estar ao alcance dos comuns mortais (não, nunca me esqueço de nada.) - fiquei furiosa na altura mas agora acho que lamento não pensar mesmo assim. Lamento não me achar superior e continuar a entregar-me de corpo e alma a quem não merecia sequer que eu lhe lançasse um olhar de soslaio. 

Demorei, mas apercebi-me, finalmente, de que sou mais do que aquilo que muita gente merece, e que é isso que faz de mim alguém tão solitário; não sou mais do que ninguém, mas tenho a estranha mania de ficar lá para toda a gente. De não atraiçoar as pessoas de quem gosto. De ficar acordada a noite toda, se preciso for, por alguém que não adiaria, sequer por cinco minutos, a hora de deitar só porque eu precisava de falar. Tenho a mania irritante de tentar ajudar, de ir desencantar palavras de conforto ali ao fundo, ao fundinho, do coração, para pessoas que nem se dão ao trabalho de responder decentemente quando sou eu que preciso de colo. Tenho esse vício estúpido de viver os males dos outros, de sofrer por e com eles. De dar importância a muito poucas pessoas mas, ainda assim, entregar-me por inteiro a essas poucas. 

Não sou superior a ninguém, continuo a dizê-lo, mas também não sou inferior, como levei uma vida inteira a perceber. E não devia oferecer a mão inteira a quem não me estenderia sequer um dedo, enquanto me fazem sentir culpada por não merecer mais. Vão-se foder: ainda merecia mais do que eles, porque estou lá. Se for preciso, adio-me, deixo tudo para depois, mas estou lá quando precisam de mim e admito que me acusem de tudo e mais alguma coisa, menos de falsa e má amiga. No dia em que eu passar realmente a sê-lo, pode ser que me sintam a falta. E talvez já seja tarde demais.

Apercebi-me de que a amizade não é menos do que o amor - também é preciso ser reconquistada antes que caia o último grão de areia e, se por um lado há amizades porque vale virar a ampulheta ao contrário vezes sem conta, há outras que dão vontade de a agitar e deixar a areia cair o mais depressa possível, para o nosso próprio bem.

turn off

Volta e meia, cruzo-me com um mocinho no ginásio que é tão gostoso que até fere a vista - super simpático, mete-se sempre comigo e pergunta-me se estou bem, provavelmente porque já teve o prazer de me ver a ter um treco. E uma pessoa olha e fica tipo ai que se contigo eu até fazia uma maratonaaaaaa, até que o tipo começa a treinar.

Ele parece estar em pleno trabalho de parto.
E é assim que a magia acaba.

o que há em mim é sobretudo cansaço

Uma pessoa nunca dá valor ao que tem até que se vê no meio do deserto e se lembra daquela gota de água que nunca aproveitou - e neste momento tenho saudades, sobretudo minhas. Tenho saudades do tempo em que escrevia com paixão, em que devorava livros, em que me sentia útil e chegava ao fim do dia com a sensação de que tinha valido a pena.

Agora sou só horas vazias de dias que se arrastam - não mudo, não lhe consigo escapar. Cansam-me as pessoas, cansa-me a falta delas. E entendo, finalmente, o mal que fiz a mim mesma durante todo aquele tempo em que afastei toda a gente.
Estou só e sei que a culpa é toda minha. Fui eu quem escolheu isto e há dias em que não me importo, mas há outros, como o de hoje, em que precisava de um desses abraços que apertam, que sufocam, que dizem sem dizer que nem estes males hão de durar para sempre.

E quem é que eu quero que me dê esse abraço?
Quem não está. E quem acredito cada vez mais que não há de estar nunca.
Mas um dia habituo-me; foi sempre assim. 
É só mais uma volta no carrocel - embora doa. Muito.

sábado, 25 de abril de 2015

por ser 25 de abril

As pessoas continuam a comemorar o dia da liberdade e o ai jesus que a democracia é que é bom, ignorando que isso do nosso sistema democrático não passa de um rótulo bonito e liberdade que era bom, nada. Tantas manifestações depois e ainda não descobriram que a única coisa que realmente mudou é que deixaram de ser presas por terem uma opinião contrária à do governo - agora são só ignoradas e ainda acham que podem escolher.

Tá bem.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

mas não havia um Y para mim, não?

Ia tendo um ataque quando me vi ao espelho hoje - pareço um barril. Passei, como sempre, por aquele momento de pânico em que me pergunto como que raio engordei eu da noite para o dia, como é que me voltei a transformar num bizonte assim, sem aviso prévio.

Depois lá me lembrei de que isto é uma das maravilhas da tpm e que depois passa. Entretanto, olhei mais para baixo; afinal, não parecia só um barril - nada disso: este mês não houve discriminação em relação ao resto do corpo. Também tenho as pernas e os pés tão inchados que pareço uma grávida no fim da gestação - passei o dia a evitar os espelhos. 

Falando a sério, nem sei se hei de ficar feliz por, finalmente, olhar para o espelho e ter de reconhecer que aquela lontra obesa que lá aparece era eu há uns meses atrás, e que agora estou só muito inchada, ou se hei de deprimir por continuar a transformar-me numa lontra obesa durante uma semana por mês. Mas esperemos que passe.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

era uma vez uma cinderela que às vezes tinha a mania de que era a branca de neve

Desde sempre desconfiei de alguém substituiu o liquido amniótico da minha progenitora por lixívia - sério, eu sou branca que mete dó.

Na segunda feira, tive a infeliz ideia de vestir uma das camisolas de que mais gosto, tão larga que dava para ser vestida por mim e por mais três tanques de guerra iguais a mim, ao mesmo tempo. Ora, de tão larga, a dita cuja anda ali no roça roça com o corpo, e vai para a esquerda, vai para a direita, com a mania de me deixar um ombro à mostra.

Assim o fez. E assim o deixei, porque estava tão entretida a ouvir música que nem dei importância, e continuei a andar, não mais do que meia hora, estrada fora. 

E a resposta à pergunta qual é o nível de brancura da cinderela? é essencialmente esta:
apanhei um escaldão no ombro que decidiu mostrar-se ao mundo. Ali, assim, naqueles minutitos de caminhada. Tudo bem.

terça-feira, 21 de abril de 2015

vou fugir

Tinha decidido adiar a consulta - por mais que dê a desculpa para os outros, e até para mim, de que estou farta de faltar nos últimos tempos porque estou sempre no médico, sei que é por pura cobardia. Porque tenho medo do que vou ouvir, porque estou cansada disto, porque estou vagamente consciente de que, seja agora ou daqui a uns anos, não vou conseguir escapar a mais uma operação. E, por isto tudo e por estar numa daquelas alturas mesmo mesmo mesmo más em que ando a trepar paredes e em desespero profundo, decidi adiá-la.

E então, qual é o problema, ernesto?
O problema é que a carta - necessária para que eu o consiga fazer - desapareceu. Pura e simplesmente, sumiu que nem um peido ao vento, de um dia para o outro. Eu sei, eu sei que não devia ter fugido das testemunhas de geová a sete pés, nem feito de conta de que estava cheia de pressa, mas porra, era mesmo preciso deus estar sempre contra mim?

hate on you

Não sou de intrigas nem de fazer ameaças mas tenho para mim que, assim que pode, deus recambia para o inferno todos aqueles velhos que andam de trator no meio da estrada, à patrão, sem deixarem ninguém ultrapassar e - como se não bastasse! - ainda páram, como e quando calha, para conversar.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

aqueles posts que ficam dias a marinar

Estou cansada de pessoas - não o digo de ânimo leve. Digo-o como quem chega a casa, depois de um longo dia de trabalho, descalça os sapatos e se enterra no sofá, completamente esgotada. Mas eu não estou esgotada por causa de nenhum trabalho - estou esgotada por causa das pessoas.

Acho que uma parte de mim sempre quis acreditar que ia encontrar as melhores pessoas depois de sair da escola - pessoas adultas, pessoas com dois dedos de testa. Pessoas, enfim, que valham a pena; mas enganei-me redondamente e há alturas em que eu não sei se sou demasiado matura ou demasiado inocente, e o mundo é mesmo este ringue de boxe e o objetivo é matarmo-nos uns aos outros enquanto nos fazemos de amigos. Seja de que maneira for, não tenciono mudar quanto a isto.

Atenção - não estou a fazer-me de santa. Sou a primeira a não gostar desta e daquela pessoa e sou uma adepta nata do escárnio e do mal dizer. Digo mais: mal de nós se não tivéssemos esse sentido crítico que, do mal o menos, sempre vai servindo para percebermos quais são os passos que não queremos seguir. Mas há limites.

Há alturas em que eu me sinto tão sozinha que repenso aquela triagem que fui fazendo ao longo dos anos; nunca acumulei estorvos: se não gostava, se não conseguia confiar, não o guardava na lista de amigos para fazer número. Recuso-me a fazê-lo, aliás: não perco tempo com quem não o merece. E então apercebo-me de que estou infinitamente mais feliz sozinha do que estaria se tivesse mantido na minha vida esta ou aquela pessoa. Porque eu não suporto ter de estar de pé atrás, não suporto duvidar; se não confio, é simples: tchau aí que eu tenho consulta às cinco, e siga.

E sigo.
Mas, atualmente, estou rodeada de gente falsa e isso tanto me enoja quanto me esgota. Esgota-me assistir a sessões de amizade eterna seguidas de sessões de escárnio puro, assim que um dos elementos se ausenta. Esgota-me saber exatamente o que é que cada uma daquelas pessoas, todas tão corretas, todas tão certas, todas tão amigas, dizem nas costas uma das outras. Esgota-me saber que nenhum dos comentários que ouvi foi um mero desabafo, daqueles que temos mesmo por as pessoas de quem mais gostamos que, de quando em vez, também desiludem: não, eu ouço maldade pura. Do fala mal só porque sim - há sempre um mexerico, há sempre um comentário desnecessário. E, no final das contas, sou eu quem está mal.

Isto cansa-me - e enerva-me aquela ideia de que, contando um passado de sofrimento, se ganha imunidade, respeito e todo o direito para se fazer o que se quer. Para se dizer o que se quer. Já o disse e volto a dizer: nunca estive em competição para o pódio do sofrimento. Já carreguei, ainda carrego, os meus fardos, mas guardo-os para mim - há quem os tenha mais pesados, há quem os tenha mais leves, mas os meus são só meus e não os uso para passar à frente de ninguém. Mas cansa-me, senhores, cansam-me as mentiras, os exageros, as vitimizações e, essencialmente, a falsidade.

Volto a dizer que não sou santa nenhuma, que não sou sempre boa pessoa, que não faço sempre o mais certo, mas tento e todos os dias fico grata pela educação que os meus pais me deram porque, claramente, nem todos tivémos a sorte de receber educação e um pingo de bom senso. 

E isto cansa-me, esgota-me, deixa-me à beira de um ataque de nervos, mas pelo menos esta gente serve-me de modelo: o modelo de tudo o que eu não quero ser.

eeeee este é o futuro do país

Há alguma coisa pior do que a típica selfie durante um beijo, com as linguitas à mostra?

Há.
Uma foto tirada por uma terceira pessoa onde um dos intervenientes da endoscopia está a olhar para a câmera, de olhos bem abertos, a fazer-se à foto.

para os amantes de bichinhos

Querem dois pequenos paraísos?
Aww e 9gagmypet.

De nada.

domingo, 19 de abril de 2015

enerva-me um bocado

Mea culpa - não resisto ao ídolos e muito menos a umas boas gargalhadas à conta dos cromos. Mas há um lado triste por trás disto tudo. Há um lado imperdoável.

Enquanto nós nos rimos de alguém ou de algum comentário maldoso dos jurados, há alguém que vê um sonho morrer. Há alguém que se vê ridicularizado pelo sonho que tem.
Se todos cantamos bem? Definitivamente, não. Mas há maneiras mais simpáticas e humanas de o dizer, especialmente quando se está consciente de que aquilo vai ser ouvido por milhares, milhões, de pessoas. 

Toda a gente tem direito a tentar, desde que queira. Mesmo que saiba que não é assim tão bom - é um sonho, e matá-lo é matar um bocadinho de alguém.

sábado, 18 de abril de 2015

eu tenho uma caixa de recordações

Um número de telemóvel, uma morada, uma pulseira de néon, bilhetes de entrada e a certeza de que eu vou ser sempre a única pessoa a saber o porquê de ter guardado cada uma daquelas coisas, a quem pertence o número, a quem vive naquela morada e o que aconteceu nas festas que eu faço questão de não esquecer.

Para os outros, é só tralha velha.

eu tenho uma caixa de recordações

Abri-a.
As últimas coisas que tinha atirado lá para dentro foram dois bilhetes do sunset do ano passado. Um é o meu, e o outro era dele - sei que fiquei com ele por mero acaso, mas também sei exatamente o porquê de o ter guardado. Sei o que ele simboliza e que está longe de ser um mero bilhete para mim. Foi um passaporte. 

Por mais que tudo se tenha desmoronado pouco depois, não me posso queixar - fui onde quis, fiz o que quis. E não me arrependo do rumo que tomei no fim. Não estou feliz nem triste, mas estou bem. Agora fico bem.

cinderella, the new fashion adviser

Achei que estava na hora de me transformar numa blogger como deve ser e começar a criar rúbricas e a dar conselhos, de forma a dar aguma utilidade ao cinderela.

Foi assim que me resolvi pela moda - como é do conhecimento geral, eu sou louca por moda e tenho imenso jeito para criar outfits para as mais variadas situações. Mas, e porque uma casa não se começa pelo telhado, pareceu-me útil dar alguns conselhos básicos acerca da melhor forma para arrumar os armários, antes de começarem a renovar os trapitos.

Ora, para otimizar a arrumação, é essencial que tudo isto comece com uma péssima ideia - como? Fácil. Escolham aquela altura em que estão com tpm e tão inchadas que facilmente conseguiriam passar à frente nas caixas prioritárias, com a desculpa de que estão grávidas de gémeos, no oitavo mês de gestação. 

Desarrumem tudo; é importante que sejam capazs de se sentir no meio de uma feira para vos aguçar o sentido crítico; entram mais no espírito «entre tanta roupa, alguma merda me há de ficar bem!», o que vos aumenta as expectativas em relação a cada peça e torna a triagem muito mais fiável.

Experimentem. Experimentem tudo, desde as vossas peças favoritas àquelas que a vossa tia velhinha deu, e vocês usam por puro amor. Ou às outras, assim-assim, para aqueles dias meio meh em que vocês se arrastam por aí. Experimentem tudo e observem o quão gordas estão, o quão justas aquelas peças estão e o quanto vos fazem parecer uma tenda. Uma tenda para oito pessoas, feia como tudo.

Deprimam. Esta parte é preciosa: deprimam muito, e não párem até se sentirem capazes de pegar num objeto pontiagudo e espetá-lo na carótida. Deprimam enquanto observam as vossas banhas salientes e se apercebem de que ver o fernando mendes de bikini seria um tanto ou quanto mais agradável do que ver-vos a desfilar naqueles trajes. E se, mesmo assim, não estiverem suficientemente deprimidas, experimente mais, até ficarem.

Por fim, juntem todas as peças que vos ficam mal, metam num saco e dêem aos pobrezinhos - ou, se lhes quiserem dar uma segunda oportunidade, metam naqueles contentores de recolha de roupa, e elas acabarão a ser re-vendidas numa feira perto de vocês. Nada contra.

Provavelmente, terão pouco mais do que duas t-shirts que a tia vos deu aos 8 anos mas que sempre vos foram tão largas que, mesmo com mais 40kg, continuam a servir bem. Ah, essas e aquele top mesmo giro que mal consegue sequer roçar o umbigo, mas vocês guardam na esperança de, depois de emagrecerem meio quilo, ele vos voltar a ficar bem. Não tem mal; a maior parte da roupa foi com os porcos e, agora, além de conseguirem arrumá-la toda no vosso armário, ainda se podem oferecer para alojar também a roupa dos vossos pais, vizinhos, tios, primos, and so on. Podem ainda pensar em meter-lhe um sofázinho e uma televisão ao canto; o céu é o limite.

Então e, afinal, o que é que nós vestimos, cinderela? Uma burka. Gordas!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

bem disse que devia ter voltado para a cama

para te marcarem a consulta tão rápido é porque o caso está mesmo mau.

Animou bastante.
Obrigada.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

e nunca chego a ser o brinquedo preferido

Neste momento, sinto-me como acho que se sentiriam os briquedos que recebemos no natal, se pudessem sentir alguma coisa - são só para brincar uns dias, e depois cansamo-nos. Depois metemo-los ao canto. E entretanto vem outro brinquedo.

Como é que alguma coisa que já me fez tão bem me pode estar a fazer tão mal agora? Não sei. Mas dói pra caralho.

são vidas

Vesti-me em dois minutos, para variar, e saí de casa; só quando cheguei ao comboio é que reparei que vesti umas calças que, habitualmente, só uso em casa, nos dias em que não faz mal parecer uma traficante de droga ou uma feirante rasca, porque me são um bocado largas e a perna roda. Tudo isto enquanto pensava que tinha vestido as minhas calças preferidas - e que, por acaso, me ficam um milhão de vezes melhor. Okay. Sentei-me no banquinho da depressão, aka comboio, e senti que precisava de limpar o nariz antes que acabasse a comer ranho - esqueci-me dos lenços em casa. Melhor ainda.

Tirei um galão naquelas máquinas automáticas - espalhei metade nas escadas.
Estou a ponderar ir para casa e isolar-me no meu quarto antes que o dia não acabe sem mortos e feridos. 

the forgotten one

Nunca me é fácil aproximar-me de alguém - desconfio, tenho medo, vou devagar, devagarinho. E recuo, de tempos a tempos, mesmo sem querer, mesmo sem saber porquê. Mas vou andando, que é o mais importante, e, quando me aproximo, é a sério.

Não sei gostar só um bocadinho, não sei gostar mais ou menos - ou não gosto e o simples facto de a pessoa respirar já me enerva, ou gosto mesmo, gosto pra caralho, gosto com o corpo todo. O meu mal é continuar na esperança de, por mero acaso, algum dia isto correr bem, como se não estivesse num ciclo vicioso e não acabasse, inevitavelmente, por ser a que sai mal.

A dada altura, as pessoas fartam-se, esquecem-se de mim. Substituem-me. A dada altura, volto a ser descartável, como sempre.
Mas, por mais vezes que isto me aconteça, não consigo ganhar-lhe imunidade. Não consigo que isto deixe de me magoar.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

excertos do nada

Ao fim de uns tempos, aceitei marcar um encontro com a rapariga; estava já à espera, sentado naquela esplanada sofisticada, junto ao rio, onde tu nunca quiseste ir por ter um ar caro e tu tinhas mais o que fazer ao dinheiro, quando ela chegou. Estou mais ou menos certo de que não houve uma única cabeça que não se tenha virado diante daquela figura imponente, de saltos altos e vestido curto, e todo o ar de quem tinha acabado de sair do cabeleireiro; sorri-lhe. Ela era inegável e irremediavelmente bonita, mas eu não conseguia entender o porquê da dimensão do aparato. 
Perguntou-me, imagina só, porque é que a levei ali quando, sempre que me via, eu estava naquele cafézinho que fica logo abaixo do meu prédio, sabes? Aquele que tem a tinta da parede de fora a descascar-se, as mesas de madeira carcomidas pelo tempo e o dono trata-me pelo nome, traz-me o jornal e o café pingado antes mesmo de eu pedir. Aquela mulher queria saber porque é que eu não a levava a um dos meus sítios preferidos neste mundo. Imaginas tamanha falta de noção? Mas não lhe expliquei que levá-la ao café do senhor vítor me seria  quase como levá-la a minha casa, nem tão pouco lhe contei que não estava pronto para a deixar instalar-se nas minhas memórias quando ali entrasse. E então disse-lhe que ele estava em obras e voltava no domingo. 
Não tínhamos assunto. Ela não quis tomar nada e eu acabei por pedir apenas uma água, por vergonha - explicou-me, com um ar triunfante, que não queria estragar a maquilhagem, e eu devolvi-lhe um sorriso amarelo, atónito por a miúda preferir passar fome a ficar sem baton, e lembrei-me de ti, meu amor, e da tua voracidade, da forma como nunca te embaraçavas nem te preocupavas demasiado com nada. Dava-me gozo ver-te comer com prazer, ver-te ser tão real, tão humana, tão desalinhadamente perfeita. Ela parecia ser viciada em regras, parecia querer a vida com um manual de instruções - tu andavas sempre ao contrário do suposto, arrancavas em terceira e não querias saber de nada. A tua descontração tirava-me do sério mas, no final de tudo, tinha saudades desse amor calmo. 
A dada altura, ela ajeitou o cabelo, como se ele não estivesse já perfeitamente preso num rabo de cavalo; isto enervou-me. Lembrei-me do teu cabelo desalinhado, quase sempre por pentear, caído pelos ombros, e da forma mecânica e desajeitada como o metias para trás da orelha, de tempos a tempos. Vi-lhe as unhas enormes e cuidadas e lembrei-me das tuas, sempre roídas até ao sabugo, sempre uma lástima. Sempre foste tão errada em tudo que parecias preencher-me as medidas certas. E, no meio de tudo isto, nunca, nem durante um único minuto, eu consegui amar-te menos. Sempre foste tão irritante, meu amor, porque nunca te consegui decifrar o suficiente para perceber como que raio conseguias tu pôr-me tão louco por ti.  
Quando dei por mim, já nem a estava a ouvir - não me saía da cabeça a forma como fomos estúpidos. Destruímos o amor mais puro que eu algum dia senti por pura cobardia. Por conveniência - ou pela falta dela. Separámo-nos porque não dava jeito, porque queríamos ver mais do mundo. O que eu não contava era que, de alguma forma, tu te tivesses transformado no único mundo que eu queria conhecer de cor e salteado. 
Nem me lembro do que lhe disse - inventei uma desculpa e fugi dali, quase a correr; parei no meio de uma rua qualquer com um sorriso de orelha a orelha, e enviei-te uma mensagem «afinal, és a única que eu consigo amar. és o único mundo que quero conhecer. recomeçamos?». Não respondeste. Mas eu sabia que não o farias. 
Fui andando para o café do senhor vítor. Sentei-me na mesa do costume, junto à janela e, quando ele se aprontou a trazer-me o café pingado, pedi-lhe outro, sem leite, cheio. Em menos de nada, estavas à minha frente, tão desalinhada como sempre, mais bonita do que nunca.
E recomeçámos.

juro

Estou estupidamente cansada - não tanto das coisas que tenho de fazer quanto das pessoas com quem tenho de lidar; nunca pensei que uma rotina mais ou menos fixa algum dia me parecesse mais confortável e apaziguadora do que lidar constantemente com a ignorância e a falta de bom senso alheia.

As mentiras cansam-me. Cansam-me ainda mais quando são ditas com a mesma frequência e desprendimento de um bom dia - é cada vez mais difícil confiar em alguém e acho que até de mim mesma desconfio. E acho que isto me deixa com uma dose de carência aguçada; dava o cu e oito tostões para conseguir deixar de me sentir mais uma ovelha no rebanho, para alguém me mostrar que eu consigo ser mais e melhor do que aquela gente porque, honestamente, há dias em que eu me sinto tão atrasada quanto eles.

Precisava de alguém que gostasse de mim, a sério desta vez, e de um abraço onde eu pudesse abandonar-me até recarregar as baterias. Mas não há. 
Continuo entregue a mim mesma, como sempre.

terça-feira, 14 de abril de 2015

uma gota no oceano

Tenho para mim que quem teve a excelente ideia de implementar uma lei que restringe a venda de álcool a menores de idade foi, certamente, alguém que vive isolado numa ilha deserta há, no mínimo, sessenta anos. Não é que me afete demasiado - na casa dos 19, quase no roça-roça aos 20,  para mim tanto faz porque, de qualquer forma, já sou maior e vacinada. Mas é de gente que não pensa.

Façam o que fizerem, os miúdos vão continuar a ter acesso ao álcool com a mesma facilidade com que têm acesso a pastilhas e chupa-chupas - na maior parte das vezes, os estabelecimentos querem é vender e que se foda a idade. Ou, mesmo naqueles raros casos em que, de facto, se preocupam com isso, há sempre um amigo mais velho, um primo ou mesmo aquele tio porreiro que acredita que o puto só vira homem depois de ter estado em coma alcoólico três vezes. Há sempre maneira.

Se virmos isto pelo lado das saídas à noite, então isto é quase caso para virar anedota - ninguém quer saber disso. Ninguém pergunta a idade à pessoa que está a servir num bar ou numa discoteca, por exemplo - neste ponto talvez seja por pressuporem que ninguém começa a sair tão cedo que quase seja necessário um fraldário na casa de banho, mas na prática todos sabemos que a noite é dos putos e devia haver um parque de estacionamento para carrinhos da chicco à porta de cada discoteca.

Proibirem o álcool a menores só aumenta a vontade de o consumirem; dê por onde der, o fruto proibido é, realmente, o mais apetecido e, mesmo inconscientemente, vão partir do princípio que devem beber para parecerem fixes. Para quebrarem regras. Para parecerem do mal. E estas leis não servem para mais do que isso mesmo: para dar aquele guilty pleasure de saber que estamos a fazer algo proibido. Mas não vai parar nada. Nunca vão conseguir.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

that not so bad monday

Nunca fui capaz de entender o que é que a segunda feira fez para ter tão má fama - e eu, amiga dos pobrezinhos que sou, até que gosto da moça. Ainda hoje, por exemplo, enquanto andava  tudo com cara de peido, eu andava com um sorriso de orelha a orelha - e não, alforrecas, o meu fim de semana nem sequer foi bom - e a witchcraft na cabeça.

E nem sequer me senti minimamente embaraçada quando fui encontrada a cantá-la e dançá-la, de forma pouco convencional, na casa de banho.


Mas isso talvez tenha sido por este ser o prato do dia. Enfim.

orly

Eu entendo que o meu futuro talvez não passe por ter uma qualquer criatura ao meu encargo quando me lembro de que já consegui a proeza de deixar um cato morrer.

À sede.

domingo, 12 de abril de 2015

em contra relógio.

Deixas-me a vida do avesso; tanto me acalmas quanto, no momento a seguir, baralhas tudo outra vez e deixas-me a arrumar tudo sozinha. Mas, por qualquer motivo, eu volto sempre para te mostrar como deixei tudo certinho e para te deixar desacertares-me tudo outra vez. Eu faço em três dias, tu desfazes em três segundos. E a culpa continua a ser minha, porque deixo, talvez na esperança vã de um dia, entre tantos desacertos, conseguirmos acertar o passo de uma vez - mas essa esperança morre-me mais e mais a cada dia que passa. Já não me resta quase nada e isso dói mais do que tudo.

Não gosto de ti em linha reta - gosto de ti todos os dias, mas há dias em que, por gostar tanto, gosto menos. Dias em que me deixo abalar por coisas que talvez nem tenham a mínima importância para ti. Dias em que duvido de cada palavra e de cada vez em que disseste que gostavas de mim. Há dias em que eu estou completamente convencida de que sou só um passatempo para os dias vazios. Há dias em que eu não gosto de nós e em que acredito piamente que seria mais fácil bater-te com a porta na cara e ir ser feliz noutro lugar. Hoje é um desses dias e, inevitavelmente, um dia triste, mas não consigo. 

Tens um lado que me faz querer ficar - esse lado distinto que me mostra exatamente o porquê de ter ficado tanto tempo e de me ter deixado mergulhar em ti desta forma. Mas tens outro lado que me faz querer fazer as malas e ir embora na mesma hora, sem olhar para trás, sem oportunidade de regresso. Só ir e esquecer o impacto que tiveste.

Sou, sempre fui, pela intensidade - não sei gostar só um bocadinho e é por isso que me dói tanto ter-te só pela metade e, mesmo assim, vê-la a sumir mais e mais a cada dia que passa. Chegará um dia em que nada disto me importará mais; eu acredito nisso. Acredito que, um dia, o que sinto por ti não passará de uma daquelas recordações boas de um tempo que foi correndo mais ou menos bem mas, hoje, agora, eu não consigo nem quero imaginar um mundo em que tu não estás na minha vida. Ainda não. Ainda não estou pronta para te dizer adeus.

Mas talvez seja por pouco tempo.

juro

Acha-se o mourinho das peles macias e ai jesus que eu não uso base, cá comigo é tudo ao natural, mas a moça tem os poros tão abertos que volta e meia eu dou por mim a pensar se não seria um bom investimento fazer-lhe uma plantação de batatas na tromba.

Mas talvez isto seja o ódio a falar. Talvez, talvez.

uma boa maneira de me resumir

sábado, 11 de abril de 2015

coimbra tem mais encanto

A couple of hours north of Lisbon, Coimbra is the Oxford or Cambridge of Portugal -- the home of its most venerable university. It's also the country's easiest-to-enjoy city -- a mini-Lisbon, with everything good about urban Portugal without the intensity of a big metropolis. I couldn't design a more delightful city for a visit.

Senti aquela pitada de orgulho e de amor por uma das minhas cidades do coração - coimbra vista por um americano.  

unholy confessions

[há dias em que eu desejo ver-te sair de um comboio. nunca te disse mas a estação é um dos meus sítios preferidos - sou apaixonada pelo som das malas arrastadas pela gare, pelas despedidas à última hora, pela lágrima no canto do olho ou pelo sorriso rasgado. outras vezes é ao contrário; chegam e têm alguém à espera, namorado, amigo, família, tanto faz. deve ser bom ter alguém para nos receber de braços abertos. eu já soube como é, mas às vezes esqueço-me; queria ver-te a sair de um comboio e correr para ti para te abraçar. mas os comboios vão e vêm sem que nenhum te traga e eu fico aqui, sentada no banco de madeira, numa estação que me está carregada de recordações e de pessoas que eu levo comigo para todos os lugares. há dias em que eu desisto um bocadinho. deixei de tentar remar contra a maré e isso cansa-me ainda mais; há dias em que o descontentamento não cabe em mim e eu preciso de fugir. tinha dito a mim mesma que não sou nem nunca hei de ser o cais, mas sê-lo-ei sempre enquanto gostar de ti - fico à espera que venhas e a rezar para que nunca mais voltes a ir embora. mas vais. e então eu espero por ti. e recomeçamos. mas hoje não. hoje não vou a lado nenhum. tenho o cabelo desgrenhado e os pés descalços mas sempre foi assim que eu gostei mais de estar; é desconcertada que eu me acerto, sabes que sou pouco pelas normas e pelas convenções, e já não sei ser outra senão essa de cabelo vermelho e unhas pretas de verniz lascado. tem dias que me fujo, tem dias que me disfarço, mas volto sempre a este ponto, volto sempre a mim mesma. e sei que não gostas desse lado, mas paciência - é o que se arranja. um dia destes eu deixo de ser isto. um dia eu ainda hei de ser alguém. ou então não, mas não faz mal. gosto da calma de ser ninguém. há dias em que me apetece ir embora de vez e dias em que nos sinto por um fio - têm-me doído mas já desisti de falar também. conheço de cor as tuas respostas mas conheço ainda melhor a falta de cor dos dias em que não estás aí. eu ia-me embora se não me fizesses tanta falta, mas fazes. e eu gosto de ti mesmo nesses dias em que não gosto, em que quero fugir. e então volto ao meu banco de madeira e espero até ao último minuto. enquanto não chegas, eu vou sonhando. até que chegues ou até que eu me canse de sonhar.]

cinderela e os mistérios

Não há detetive mais competente do que uma gaja que cisme em  encontrar algo ou alguém - ando à procura de uma pessoa de quem nem o primeiro nome sei. Uma pessoa que, além do sítio onde trabalha e da desconfiança de que deve ter mais ou menos minha idade, eu não sei absolutamente nada.

Porque é que o quero encontrar? O que é que vou fazer quando isso acontecer? Não sei. Mas preciso de o encontrar.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

siga

Depois de meses de pasmaceira, voltei aos mistérios intermináveis e indecifráveis - mas eu tento, que tento, e sou apaixonada por isto que não sei. Se descubro, vai-se a magia - mas vou tentando porque sei que estou longe disso.

esse misto de medo e de felicidade

Até há uns tempos, eu não era pessoa de acreditar em espiritismos - sempre fui moça das ciências exatas, do ver para crer, mas acabei por ter de aceitar que há coisas que não têm realmente uma explicação racional. Coisas que não podem ser justificadas com acasos e ilusões de ótica.

Isto tanto me assusta como me acalenta o espírito - há mais, depois do fim. Há mais. E, se alguma dúvida me restava, dissipou-se quando alguém foi capaz de me dizer coisas que não tinha como saber, de forma alguma.

E depois de reconhecer o meu primo. 
Que morreu há nove anos.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

quase auto-ajuda

Não me inscrevi no ginásio porque estava na moda, ou porque ficava bem no meu status e muito menos para ir tirar selfies em frente ao espelho - inscrevi-me no ginásio porque, um dia qualquer, cismei que ainda havia de ficar magra. Ainda havia de, imaginem-me lá a loucura, vestir um bikini sem me sentir embaraçada e usar um daqueles vestidos bonitinhos que só fica bem em meninas esqueléticas. Mas não tanto - não quero ser esquelética, quero gostar de mim.

Tenho consciência de que não sou tão gorda quanto me descrevo por aqui (ah, o espanto!) mas descrevo-me como me vejo e é aí que começa o problema; mas não, caríssimas alforrecas, se me imaginam de banhas quase a roçar os joelhos, quatro fileiras abaixo das mamas e uma data de pregas de gordura à bulldog, desenganem-se: na realidade, sou uma gorda com as curvas no sítio e tenho a barriga - dizem as invejosas, que eu cá nunca me vejo assim - lisa. Arrisco-me a dizer que gosto das formas que tenho e que era uma gaja feliz se conseguisse emagrecer e mantê-las tal qual estão; e um dia decidi que era isso mesmo que queria.

Não sou nenhuma atleta nem nasci com o bichinho do desporto e há dias em que não me apetece; ora está frio, ora está calor, ora está de chuva, ora o sol está forte. Há dias em que me arrasto para o ginásio porque me lembro de toda uma panóplia de coisas que preferia estar a fazer em vez de estar ali a transpirar que nem uma porca e que me cansariam muito menos; mas, na generalidade dos dias, vou porque me apetece e nem me importo muito com o facto de ter de deixar quase tudo o resto para trás porque o tempo me é curto. E porque, se não for, sinto a falta.

É verdade que - e nunca pensei algum dia vir a concordar com esta premissa - vicia. Quando entro no ginásio, esqueço-me das coisas que queria estar a fazer e já não vou poder e só saio de lá quando acabar o plano, mesmo que isso inclua sentir-me ali à beira do falecimento. Aprendi a não desistir nem à lei nem à bala. Aprendi a desafiar os meus limites todos os dias - e faço-o, não por obrigação, mas por puro prazer. Porque, como alguém disse por lá no outro dia, na maior parte do tempo é a cabeça que nos pede para parar, e não o corpo. Está tudo aí: é só não deixar a cabeça vencer. É só mostrar-lhe que aguentamos mais.

De alguma forma mágica, a passadeira deixou de ser a minha pior inimiga e passou a ser uma das coisas de que eu mais gosto; deixei-me de 15 minutos de pura tortura a caminhar e a correr lá pelo meio para não parecer mal, e passei a correr 20 minutos enquanto planeio conversas, tenho pensamentos profundos acerca de coisas que se passaram quase na era dos dinossauros, alinho posts que nunca chego a escrever e ainda mato mentalmente umas três ou quatro pessoas, enquanto ouço música. Quase sempre puns-ka-punz-ka-punz ou metal. 

Se hoje corri 3km e é uma vitória, amanhã já não me chega - obrigo-me a correr mais a cada dia que passa. E a comemorar cada pequena vitória porque, por mais que quem está de fora possa achar insignificante, eu sei quem fui e a mudança que esta minha nova faceta representa na minha vida. Não podia estar menos do que orgulhosa de mim mesma; e estou. Se hoje o treino me corre muito bem, amanhã não me enterro no sofá para compensar; amanhã eu vou e tento fazer ainda melhor. Ou, no mínimo, igual. 

Hoje foi um desses dias em que não me apetecia ir, mas acabei por ir e fazer um treino ainda mais puxado - não saio do ginásio de maquilhagem e cabelo intactos, nem de roupinha seca mas até confesso que me soube mesmo bem ouvir um dos mocinhos gotosos a dizer que bastava olhar para a minha camisola para perceber que não ando ali a brincar - não ando mesmo. Posso não ficar magra, mas sinto-me estupidamente bem, até quando saio de um treino quase a rastejar. E quase todos os dias eu digo que vou sair de lá pior do que se me tivesse passado um camião por cima e não volto no dia a seguir.

Mas volto.
Volto e faço ainda pior.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

a primeira sequela da tragédia

Dos mesmos autores de eu-posso-ter-um-filho-porque-já-tive-um-tamagotchi-e-correu-tudo-bem chega o já-agora-também-posso-ter-uma-casa-só-para-mim-porque-já-joguei-sims-e-parecia-fácil. Até o meu fígado se contorce só de pensar.

terça-feira, 7 de abril de 2015

novos mundos

Devia ser criado um workshop sobre como lidar com fb's de casais. Sério. Quando um desses exemplares mete gosto na nossa foto, como é que devemos interpretar: foi ele? foi ela? passaram por uma fase de debate para decidirem se a foto era ou não suficientemente bonita para merecer um like duplo?

Cumé?

segunda-feira, 6 de abril de 2015

5th round

Se escrevesse um livro autobiográfico, o título teria de ser qualquer coisa tipo:

Cinderela e os hospitais da zona centro

ou

Cinderela corre todos os serviços do hospital

ou

Cinderela e o regresso às consultas de cirurgia

ou

Cinderela às peças.

E é este o resultado da dita consulta. Fingers crossed - ainda nem tudo está perdido. Pode ser que não tenha de adicionar mais uma cicatriz à coleção. Pode ser que sim. 

domingo, 5 de abril de 2015

uma coimbrinha chora mas uma não-coimbrinha ainda chora mais

Há lá coisa mais triste do que constatar de que o cartaz da queima de coimbra inclui os dvbbs - e uma pessoa começa a lembrar-se de como foi no sunset, do quão awesome eles são, e dá assim aquela nostalgia e a vontade incontrolável de pegar numa cadeirinha de plástico e ir já para a primeira fila, assim naquela de ficar a marcar lugar porque já se sabe a dimensão do show, começa logo a ouvir como barulho de fundo o grito TSUNAMI tsurururu turu turu turu tu, e vai que entretanto sabotei os meus próprios sonhos e fui ver a que dia calhava - mas é à terça feira? Oh snap. Isto não se faz.

esses dias menos bons

Há dias em que me sinto um desperdício de tempo; tenho uma certa inveja das pessoas que me parecem felizes a tempo inteiro enquanto a felicidade não me é mais do que um part-time mal pago e de onde sou cada vez mais dispensada. Nunca me parece justo - olho à volta e toda a gente me parece tão bonita e tão feliz. E depois estou eu aqui, e sou só eu. E sou só isto.

Neste momento, o que me chateia já nem é o dito problema de saúde recém descoberto - é tudo o resto. É tudo o que eu vou ouvindo, todos os vais-ter-de-ter-cuidado-com-isto, todos os não-podes, todos os não-deves. Tudo o que me condiciona - e eu sou tão novinha para ter a vida condicionada. Porque é que tem de calhar sempre a mim?

Não sei se foi o vosso deus quem me abandonou ou se sou eu que me estou a abandonar a mim mesma - estou cansada de nunca estar bem, de haver sempre algum problema novo para descobrir. De todas as respostas tortas de médicos que me acham demasiado nova para estar doente, e de todos os outros que me franzem o sobrolho e dizem que tenho uma situação clínica complicada e não entendem de onde vem o meu problema. De todos os que não sabem nem querem saber, e me deixam a arrastar, a piorar. Dos problemas de saúde que escondi anos a fio, e continuo a esconder, porque ninguém entende de onde vêm e me é demasiado difícil falar sobre eles. E tudo o que eu queria era uma cura. Queria uma cura e a possibilidade de voltar a ter uma vida normal, sem constrangimentos, sem limitações. Queria, se não fosse pedir muito, conseguir sentir-me realmente a miúda quase-nos-vinte que sou. Mas não consigo.

Há dias em que eu nem penso nisso. Sorrio, gozo comigo mesma e finjo que não me importo. Mas há outros, cada vez mais frequentes, que eu me sinto realmente pequena para mim mesma, em que preciso de colo. Em que preciso de mimo, de um beijo na testa e a promessa de que as coisas se vão compor e um dia destes eu vou conseguir ter uma vida normal. Há dias em que eu só queria que me dessem paz. Que me abraçassem. Que me obrigassem a parar de fazer-me de dura e de indiferente, e que me mostrassem que de facto a minha vida até vale a pena para alguém. Que eu ainda valho a pena o esforço. Porque eu, sinceramente, acho cada vez mais que não.

sábado, 4 de abril de 2015

cinderela, prazer.

Eu queria uma coroa de flores - não se trata de algo que eu possa dizer que quero desde os meus tempos de útero, mas fica fofinho. Then again, é daquelas coisas inúteis que eu nunca ia saber onde e como usar; assim, de repente, só me parecem fazer sentido nas festas de verão, ou no sunset onde ela se ia aguentar na minha cabeça durante uns trinta segundos, no máximo.

Mas tudo bem. E hoje fui parar a uma feira medieval e encontrei um tipo giro que só ele e super simpático a vender coroas de flores. O mocinho viu-me a cobiçar as ditas e queria por força que eu experimentasse uma. À falta de melhores técnicas de marketing e no auge do desespero, comenta: mete-a na cabeça para ficares ainda mais princesa. Sério, eu tenho de começar a enfiar-me nestes sítios para aumentar a autoestima.

Não experimentei coroa  nenhuma nem lhe comprei nada. Mas, há que salientar, que pelo ar do gajo uma pessoa até lhe comprava a barraquinha toda e ficava lá com ele a vender tralha o resto da vida. Valha-me deus, que me popica a roupa.

felicidade é

Decidir sair em boa companhia para ir ver o mar e, pelo caminho, encontrar uma feira de antiguidades mesmo ali à mão de semear - para não variar, trouxe comigo um daqueles livros velhinhos velhinhos velhinhos, que são o meu grande amor, em inglês.

E foi assim que o lord of the flies se juntou à minha coleção.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

segunda feira começo a dieta

De tudo o que eu tinha planeado para estes diazinhos que quase quase quase me sabem a férias, acho que a única coisa que vou realmente fazer é engordar.
Pelo menos por hoje estou no bom caminho.

(ah mas segunda eu começo a sério. e começo a passar três horas no ginásio. todos os dias.
ou vá, talvez duas horas. ou uma e meia, comme d'habitude. mas vou que vou. prometo que vou.)

esse momento triste

Não há volta a dar. Se me acontece sempre, invariavelmente, o mesmo, a culpa só pode ser minha.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

em jeito de revolução

Uma boa maneira de mostrar poder e dar aquela lição de achas-mesmo-que-vou-pagar-sacos-para-vos-fazer-publicidade é ir ao lidl e, só para ser chata, levar sacos do pingo doce. E do jumbo. Toma lá.

cinderela e as compras

O meu principal problema em ir às compras é, essencialmente, o facto de ainda nem ir a meio da lista e já não conseguir controlar o carrinho. É que eu sou gorda, que sou, mas a força sumiu com a minha autoestima. Vidas tristes.

a minha sorte é que já se habituaram ao meu lado freak

Passo sempre por aquele momento de oh-hell-já-sei-o-que-vou-fazer-ao-cabelo-desta-vez e aquele é-desta-que-me-entregam-para-adoção. Mas já vão tarde, senhores, já vão tarde.

cinderela e as compras

Estou vagamente convencida de que a principal ideia da minha mãe quando me manda às compras é mostrar-me que, de facto, eu não sou assim tão alta - ou isso ou a minha progenitora desenvolveu uma estranha capacidade de escolher sempre produtos que estejam na última prateleira, de maneira a meter-me ali armada em foca amestrada numa dança esquisita em biquinhos dos pés e toda esticada, ou, numa vertente ainda mais deprimente, aos saltinhos. Vida de lontra não é fácil.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

eu mereço?

Esta semana, tenho-me dado ao luxo de comer praticamente tudo o que me apetece, independentemente do facto de quase sentir o meu cu a crescer - ah e tal, mas ó cinderela, tu, lontra obesa assumida, não comes sempre o que te apetece?

Como, que eu cá não sou moça de pouco alimento, mas tentava ser mais regrada. Ou, por outras palavras, esta semana decidi não me sentir culpada por comer que nem uma porca porque tive a infeliz ideia de ir ver qual era a minha sina no que toca à dieta que vou ser forçada a acarinhar; não gostei. Basicamente, vou ser proibida de comer quase tudo o que eu mais gosto - e é proibida sim, sem dó nem piedade, porque não tenho margem para comes-mas-em-poucas-quantidades. 


Sério, se eu andar neste mundo a pagar pelos erros de uma vida anterior, estou certa de que sou a reencarnação do hitler.