segunda-feira, 20 de abril de 2015

aqueles posts que ficam dias a marinar

Estou cansada de pessoas - não o digo de ânimo leve. Digo-o como quem chega a casa, depois de um longo dia de trabalho, descalça os sapatos e se enterra no sofá, completamente esgotada. Mas eu não estou esgotada por causa de nenhum trabalho - estou esgotada por causa das pessoas.

Acho que uma parte de mim sempre quis acreditar que ia encontrar as melhores pessoas depois de sair da escola - pessoas adultas, pessoas com dois dedos de testa. Pessoas, enfim, que valham a pena; mas enganei-me redondamente e há alturas em que eu não sei se sou demasiado matura ou demasiado inocente, e o mundo é mesmo este ringue de boxe e o objetivo é matarmo-nos uns aos outros enquanto nos fazemos de amigos. Seja de que maneira for, não tenciono mudar quanto a isto.

Atenção - não estou a fazer-me de santa. Sou a primeira a não gostar desta e daquela pessoa e sou uma adepta nata do escárnio e do mal dizer. Digo mais: mal de nós se não tivéssemos esse sentido crítico que, do mal o menos, sempre vai servindo para percebermos quais são os passos que não queremos seguir. Mas há limites.

Há alturas em que eu me sinto tão sozinha que repenso aquela triagem que fui fazendo ao longo dos anos; nunca acumulei estorvos: se não gostava, se não conseguia confiar, não o guardava na lista de amigos para fazer número. Recuso-me a fazê-lo, aliás: não perco tempo com quem não o merece. E então apercebo-me de que estou infinitamente mais feliz sozinha do que estaria se tivesse mantido na minha vida esta ou aquela pessoa. Porque eu não suporto ter de estar de pé atrás, não suporto duvidar; se não confio, é simples: tchau aí que eu tenho consulta às cinco, e siga.

E sigo.
Mas, atualmente, estou rodeada de gente falsa e isso tanto me enoja quanto me esgota. Esgota-me assistir a sessões de amizade eterna seguidas de sessões de escárnio puro, assim que um dos elementos se ausenta. Esgota-me saber exatamente o que é que cada uma daquelas pessoas, todas tão corretas, todas tão certas, todas tão amigas, dizem nas costas uma das outras. Esgota-me saber que nenhum dos comentários que ouvi foi um mero desabafo, daqueles que temos mesmo por as pessoas de quem mais gostamos que, de quando em vez, também desiludem: não, eu ouço maldade pura. Do fala mal só porque sim - há sempre um mexerico, há sempre um comentário desnecessário. E, no final das contas, sou eu quem está mal.

Isto cansa-me - e enerva-me aquela ideia de que, contando um passado de sofrimento, se ganha imunidade, respeito e todo o direito para se fazer o que se quer. Para se dizer o que se quer. Já o disse e volto a dizer: nunca estive em competição para o pódio do sofrimento. Já carreguei, ainda carrego, os meus fardos, mas guardo-os para mim - há quem os tenha mais pesados, há quem os tenha mais leves, mas os meus são só meus e não os uso para passar à frente de ninguém. Mas cansa-me, senhores, cansam-me as mentiras, os exageros, as vitimizações e, essencialmente, a falsidade.

Volto a dizer que não sou santa nenhuma, que não sou sempre boa pessoa, que não faço sempre o mais certo, mas tento e todos os dias fico grata pela educação que os meus pais me deram porque, claramente, nem todos tivémos a sorte de receber educação e um pingo de bom senso. 

E isto cansa-me, esgota-me, deixa-me à beira de um ataque de nervos, mas pelo menos esta gente serve-me de modelo: o modelo de tudo o que eu não quero ser.

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