domingo, 21 de junho de 2015

volta depressa, por favor.

Uma das coisas que aprendi nas últimas semanas foi que é impossível salvar toda a gente, que, por mais que se queira, não nos podemos desfazer em mil pedaços para salvar mil despedaçados - é preciso tomar decisões, às vezes. É preciso controlar o ímpeto de querer ser omnipotente.

Esta foi, provavelmente, uma das lições mais duras de gerir: não posso fazer tudo o que precisa de ser feito ao mesmo tempo. E, às vezes, há pessoas que são deixadas para trás porque mais ninguém segura as pontas que eu não estou a conseguir atar; mas, mesmo assim, está a ser mais dificil para mim gerir o facto de não nos estar a conseguir salvar a nós. De, cada vez que tento, nos afundar mais.

Tenho saudades tuas - devo tê-lo dito já mais de um milhão de vezes mas juro que continua a ser verdade; tenho saudades de quem foste, de quem fomos, de quem me ensinaste a ser. E eu prometi que esperava, prometi que tentava, mas não consigo continuar a segurar-nos sozinha por muito mais tempo. Começam a faltar-me as forças para fazer de conta de que não me importo.

Noutra altura, lerias isto no mesmo dia em que eu o escrevi - atualmente, já nem creio que algum dia o chegues a ler e - chamem-me fútil, mimada, exagerada, tanto faz - essa é só mais uma das muitas coisas que me vão moendo devagarinho: a indiferença, o abandono. O hábito, talvez. O facto de me achares tão segura que deixaste de me segurar. E eu caí.

Não penses que não tento compreender os teus motivos - já sei as tuas respostas de cor, sempre repetidas com a mesma veemência, sempre irritadas por não as acreditar, sempre cansadas de uma vida onde nada te é entregue de bandeja, cada vez mais vagas. E eu tenho sentido a tua falta porque não encontro sentimento nas escassas vezes em que te lembras de dizer que também tens saudades minhas, porque também gostas de mim, afinal. Porque também não é de ânimo leve que te vês a chegar a alto mar enquanto eu te aceno do cais, cada vez mais longe, cada vez mais ínfima, até ser engolida pelo horizonte.

Já não me lembro dos meus dias sem ti - estou condenada às despedidas. Estou condenada às pessoas que entram na minha vida como os primeiros raios de sol depois de um inverno rigoroso e nos dão vontade de abrir portas e janelas de par em par, para depois sairem dela na forma de tempestade. Estou condenada a ser a que espera em vão por quem diz que chega mas nunca mais vem.

Tenho tido medo de te perder todos os dias - sinto-nos frágeis, como uma luz ténue que ameaça apagar-se por mais que eu dê tudo de mim para a manter acesa. Sinto-nos presos por um fio, de mãos laças e a ameaçar soltarem-se a qualquer momento, por mais que eu faça o que posso para as apertar com mais força. Tenho tido medo de te perder todos os dias, mas sinto que começa a ser tarde demais - não se pode salvar toda a gente e há alturas em que é imperativo matar o que nos mata lentamente.

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