quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

afinal também refleti, mas passou logo

[há precisamente um ano atrás, ele foi das primeiras pessoas a desejar-me um bom ano. disse que não o passava comigo, mas que talvez este ano fosse diferente. ri-me. achei-o tonto por pensar que nos íamos mesmo aguentar um ano, que escapávamos às lanças afiadas da distância, que algum sentimento pudesse resistir tanto tempo nestas condições. e hoje, um ano passado, continuamos juntos - não hoje, por motivos diferentes e pouco felizes, mas juntos ainda assim. conseguimos, resistimos a um ano. e o sentimento, essa coisinha ténue que eu achava que desapareceria ao fim de pouco tempo, triplicou. enraizou-se. e, no final das contas, essa é talvez a única coisa boa que levo deste ano.
mas, ainda assim, acho que não poderia pedir melhor.]

por ser o último dia do ano

Hoje devia ser o dia em que eu, finalmente, tentava ser uma blogger decente e vos fazia uma review do meu ano; esclarecia-vos acerca de cada peido que dei ao longo de 2015, vocês fingiam-se de interessados e éramos todos mais felizes. Mas não tenho paciência para isso.

Este ano nem foi assim tão bom. Aliás, se há coisa que este ano me trouxe, foi saudades do ano passado, mas eu já nem me lembro se de facto as coisas foram melhores ou se é a memória que me está a ficar demasiado curta. Ainda assim, acho que este foi o pior ano de que me lembro mas também sei que as coisas não vão mudar só por entrarmos num novo ano. E posso dizer que já estamos a começar mal, e ainda nem começámos.

Também estou muito chateada porque no ano passado me ocorreu que podia ser giro encontrar as previsões para o meu signo em 2014, no final do ano - estava certo, estava estranhamente certo; dividido por meses, acertou em tudo. As previsões para este ano diziam que eu ia ter um outono muito feliz, que ia correr tudo muito bem, o que me leva a crer que descobriram que eu tinha decidido divertir-me a ler estas coisas no final do ano e quiseram trocar-me as voltas. 

Ainda podia dizer que este foi o ano em que me tornei pirosinha, mas eu tenho dito isto tantas vezes que acho que me posso poupar a mais uma humilhação desse calibre - em minha defesa, abandonei as unhas de gel ao fim de 3 meses a testar a coisa, portanto tinha de adquirir outra faceta mais girly para me relembrar que também pratico uma vag life. E sim, a minha afirmação neste mundo passou por ter deixado que me começassem a tratar por nomes foficoisos, lidem com isso,

Para 2016, não tenho grandes sonhos nem me tento iludir com uma dieta milagrosa que me vai enfiar num vestido catita e andar por aí a espalhar inveja e amor no próximo reveillon - já assumi a minha vida lontrificada e, tudo o que eu quero para 2016, é que seja um bocadinho melhor do que 2015 e que, de facto, de hoje a um ano eu tenha conseguido fazer exatamente o que tenho em mente. Se não tiver conseguido, bem, pelo menos espero poder estar a chafurdar numa taça de mousse de oreo que desse para alimentar 9823 putos subnutridos, e que demore mais uns 100 anos a ir para o inferno só por esta.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

oooops

Depois de ter lido o ugly love e o maybe someday, comprei o hopeless numa crise de preciso-mais-disto - agora estou aqui toda frustrada porque só lhe peguei ontem à noite e já o li quase todo, mas percebi a história sozinha e isso é chato. Queria que o livro me tivesse conseguido surpreender e fiquei rabujenta, que fiquei.

Ser eu é difícil.

então e tu, cinderela, o que é que vais fazer no teu reveillon?

Ah, eu sei que estavam curiosíssimos. Já fui contactada por diversas revistas que queriam saber exatamente como é que um ser tão especial e fascinante quanto eu festeja a passagem de ano. Mas eu achei que vocês, alforrecas, mereciam ver, em primeira mão, a minha vista priveligiada para comemorar o reveillon!


Sim, eu sei. Deixei-vos com inveja, não foi? Fiquem sabendo que estou a ter tudo aquilo a que tenho direito e que os meus planos, que já eram animadores, estão, neste momento, a conseguir superar todos os meus outros 19 reveillons! Com tosse, febre, ranho em barda e, para melhorar, a garganta tão inflamada que sangra, está tudo pronto para que eu entre em 2016 da melhor forma possível.

Só que não.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

até quando?

Por mim, no dia 26 esquecia-me definitivamente da passagem do furacão natal e deixava a minha vida avançar tranquilamente com os 3km de cu ganhos neste período do ano. 

Ainda assim, a maioria dos comuns mortais acha legítimo desejar um feliz natal até fevereiro.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

estou a ficar domável, socorro

Uma das expressões que sempre detestei foi o querida. Por mais que seja, aparentemente, inocente e até doce, parece-me caber demasiado bem em discussões, só para enervar, ou em amantes que deixam os respetivos marido e mulher em casa para irem pinar para um hotel cinco estrelas. 

Também me lembram aquelas criaturas que bebem café com o mindinho espetado no ar, como se estivessem a tentar captar a rádio, e falam como se estivessem permanentemente constipadas. Sempre detestei o querida, sempre me pareceu impossível conseguir não ter uma crise se alguém tivesse a infeliz ideia de me tratar assim.

Depois ele apareceu e sabe deus o que um querida me faz. E um adoro-te querida pode até ser frase de amante, de tia, de puta sarcástica, mas sabe bem, oh se sabe.

cinderela, a traidora de contos de fadas

Confesso: dormi com o olaf.

(a culpa não foi minha!)

domingo, 27 de dezembro de 2015

daquelas dúvidas que me acompanham desde o berço

Estamos quase em 2016 e eu continuo sem conseguir entender o porquê de os supermercados terem vinte ou trinta caixas para depois só abrirem duas - entretanto, algures por esses corredores fora, estão dois ou três funcionários a conversar e a coçar o cu.

Está certo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

é da praxe

A equipa do cinderela, constituída por uma única lontra obesa - mas esta coisa das equipas soa sempre bem - deseja a todas as alforrecas leitoras um feliz natal.

Eu vou só ali ganhar mais 1km de cu. 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

sobre o amor e essas merdas

Há uns anos atrás, eu jurava a pés juntos que não acreditava no amor - depois deixei de ser parva, percebi que o amor e o pai natal são coisas diferentes e, no caso do primeiro, não há isso de acreditar ou não acreditar: ou se sente ou não se sente, ponto final.

Não o sinto, ainda assim, e ainda me rio das pessoas que confundem tesão com amor dizem amar alguém que conheceram há um par de horas. Ou há um par de dias - semanas, meses, talvez anos. O problema do amor é ser uma palavra tão pequenina que cabe em relações mais pequeninas ainda que o deixam com má reputação. E o desgraçado não teve culpa nenhuma, porque nem chegou a aparecer.

O que sinto neste momento, é difícil de explicar. Tenho uma relação esquisita, improvável e muito complicada com alguém. Talvez nem lhe deva chamar paixão, mas chamo, às vezes, para justificar as noites mal dormidas quando estamos chateados, as torrentes de lágrimas e ranho sempre que as coisas vão mal, a inquietação de saber que ele não está bem, o sorriso de orelha a orelha quando ele é querido. Gosto dele. Gosto dele mesmo quando não gosto e digo que me quero ir embora - não vou, nunca vou, porque não consigo. Gosto mesmo dele. Mas não é amor.

Acredito que o amor é o que vem depois, mas a maioria das pessoas nunca chega a ter paciência para esperar por ele - o amor é o que vem a seguir ao beijo apaixonado com que o filme acaba, mas ninguém tem paciência para ficar no cinema a olhar para a ficha técnica. As pessoas querem amores perfeitos desde o primeiro instante, e desistem quando entendem que isso é impossível.

Não há nada de errado em discutirem às vezes. Não há nada de errado em serem incapazes de concordar um com o outro à primeira, não têm de ter personalidades idênticas e lidar com as coisas de igual forma. Às vezes vão magoar-se um ao outro. Outras vezes vai magoar-se mais um do que o outro; não há volta a dar, não pode correr tudo bem à primeira - e perdoar não é o mesmo que transformarem-se no tipo de mulher que passa anos a ser agredida mas nunca conta a ninguém porque ama o marido. Perdoar é tentar de novo. Dar uma hipótese às coisas de funcionarem, com tudo o que aprenderam sobre o outro.

Entendi isto hoje, quando senti que era assim que alguém me via neste momento - como a que perdoa, como a que morre às mãos de um amor antigo e, mesmo assim, perdoa. Mas eu não sou essa pessoa - sou um bocado antiquada, mas acho sempre bonito ver casais de idosos de mão dada. Ou simplesmente sentados um ao lado do outro - sempre me perguntei como é que será envelhecer ao lado de alguém, numa altura em que a paixão já se foi e só sobrou o amor, o amor infinito, àquela com quem se partilhou uma vida inteira. Mas entristece-me ver que os casamentos duram cada vez menos. As pessoas deixam de tentar quando fica difícil, e isso está tão errado.

Há quem troque de camisa quando a que tem se descose - há quem a remende, e fica bonita na mesma; aposto que não foi sempre fácil com estes casais que se aguentam 50 ou 60 anos casados. Também devem ter demorado a acertar o passo, a chegar a um consenso sobre a quantidade de sal que cada um gosta na comida, ou a descobrir quantos cobertores têm de pôr na cama para que fiquem os dois confortáveis.  E talvez tenham tido discussões idênticas - ela, chata e impulsiva, ele sempre calado para evitar conflitos; não acertaram à primeira, aposto. Mas não pararam de tentar, porque sabem que nunca se gosta em linha reta; há dias em que se gosta mais e dias em que se gosta menos, e o truque é tentar equilibrá-los.

Talvez um dia me vá embora como todos os outros vão quando desistem, talvez nunca passemos disto - talvez sejamos mais fortes do que as circunstâncias e a erosão do tempo. Talvez também consiga resistir a adversidades, a conflitos, a paranoias - e talvez um dia sejamos os dois velhos sentados, de mão dada, num banco de jardim.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

ser gaja é isto

Ao fim de uns tempos de lontra obesa no ginásio, a principal conclusão a que eu cheguei foi que a minha dignidade é ainda mais gorda e preguiçosa do que eu; não há maneira de eu a convencer a ir comigo.

Agora a minha pt lembrou-se de me fazer um plano que inclui três séries de 45 segundos de jumping jacks - faz-se na boa, que faz, mas a única coisa que me passa pela cabeça enquanto estou ali a saltar e a esbracejar como se não houvesse amanhã é the boobs on the bus go up and down, up and down, enquanto agradeço a um deus qualquer por ter as mamas pequenas, ou acabaria com o queixo negro. 

Contudo, não deixa de ser humilhante ver as pequenas ali a lutar pela vida com tanta gente à volta. Eu sofro, que sofro.

a lição de vida dos últimos tempos

Por muito mau que tudo esteja, acredita, há sempre uma forma de piorar. Sempre.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

o drama do natal

Por perceber que sou uma vergonha para a comunidade do blogger, prometi a mim mesma que era hoje que ia ser uma menina de bem, ia despir a minha indumentária informal (aka pijama) e vestir uma roupa suficientemente decente para ir ver a luz do dia, tentar domar o cabelo (aka enrolá-lo num carrapito no alto da mona e fazer de conta que é só um messy bun convencional e não um bun mesmo mesmo mesmo messy), e enfiar-me no carro para ir comprar as ditas prendas.

Entretanto, dormi e acordei e agora estou aqui a pensar no filme de terror que é pegar no carro, dar oito voltas ao parque de estacionamento do centro comercial à procura de um lugar onde eu possa enfiar a viatura sem amolgar as restantes, e depois entrar no centro comercial propriamente dito, onde as pessoas andam loucas e se acotovelam umas às outras, todas cheias de pressa, como se derrepente o shopping se tivesse transformado num jogo de rugby esquisito cujo único objetivo é levar o peru maior para casa. Nah. Não sou suficientemente gaja para gostar disto. Acho que este ano dou um par de meias - dos meus! - a cada um.

domingo, 20 de dezembro de 2015

pequenas vitórias

Ao fim de não sei quanto tempo a dormir entre 2 a 4h por noite, a minha cabeça permanentemente desassossegada deu-me tréguas e consegui dormir 10h só com duas interrupções, nunca suficientemente longas para que a choradeira recomeçasse.




(dizem que temos de ficar felizes com as coisas boas, por mais insignificantes que sejam, não é?)

adeus,

Não acredito em almas gémeas ou em predestinações, mas acredito que, às vezes, temos a sorte de encontrar alguém que nos faz sentir tão confortáveis que se tornam na nossa casa, na casa para onde fugimos quando temos medo, na casa onde gostamos de ficar quando estamos tristes, na casa para onde queremos correr para comemorar quando estamos felizes, na casa que queremos fazer mais nossa a cada dia que passa. De uma forma estranha, tu és a minha. Ou eras.

Se me quisesses ouvir, não te pediria desculpa - também estou cansada disso, de discussões, de desculpas, de acordos tácitos, de problemas varridos para debaixo do tapete. Se me quisesses ouvir, recomeçariamos. Eu prometeria ser mais calma se prometesses ser menos calmo. Eu prometeria ser menos insegura se prometesses ter paciência até eu voltar a ter pé. Eu prometeria ser diferente, se tu também prometesses. O erro está nos dois.

O meu problema é que nunca soube ter calma - sempre fui dessas pessoas que morrem antes de levar com a bala, que sentem necessidade de falar sobre o assunto nos dois nanossegundos seguintes a ter surgido um problema, uma dúvida, um mal entendido - disparo antes de saber para onde, para quem, porquê. Disparo antes de ter tempo de pensar. 

Tu és o oposto, e isso irrita-me, magoa-me, dá-me a volta à cabeça - consegues passar dias sem falar se essa for a melhor ou a única forma de evitar uma discussão, apesar de saberes que isso faz com que o problema cresça, com que se torne cada vez mais difícil para mim geri-lo, que eu esteja a sofrer com o teu silêncio. Tanto egoísmo, tanta covardia, dão-me tanta vontade de fugir quanto aquela que sentes pela minha impulsividade.

Se fosse forte o suficiente para te perder pelas minhas próprias mãos, garantia que nunca mais me havias de encontrar em lado nenhum, mas não consigo - há sempre aquele meu lado que, mesmo ferido, resiste e se obriga a ser o último a morrer no meio da guerra que é isto que sentimos, e esse meu lado ainda está aqui, à tua espera, à espera de que voltes, à espera de que isto faça sentido. Apesar de acreditar cada vez menos que isso aconteça.

Li num livro que não há palavra mais triste, em qualquer língua, do que adeus. Talvez tenham razão, mas esqueceram-se de mencionar que dói mais quando esse adeus não chega a existir, quando as horas passam e a despedida não chega, quando tudo o que resta é dor e incerteza, quando não há uma única noite em que eu não acorde com este nó no peito. E quando misturada com toda a tristeza há ainda uma raiva crescente pela tua incapacidade de pensares em mim, por saber que definitivamente não estás a sentir o mesmo, por estar certa de que não te importas.

O que resta, é desistir. 
Assumir que deixaste de ser a minha casa, que já não há lugar para mim aqui. Fechar-te a porta para tudo aquilo que sou, trancá-la a sete chaves para deixar o meu coração a salvo - mas, já sabes: a chave suplente está no sítio do costume.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

over and over

O meu problema é essencialmente este: a minha dignidade adormece antes de mim.
Se por um lado passei o dia consideravelmente calma e consegui praticamente nem falar com ele, à noite é sempre outra história; começa a faltar-me o miminho, começa a faltar-me a voz, começa a faltar-me ele, e isto nunca corre bem. Ora mando o orgulho ir dormir para outro quarto, ora consigo adormecer mas acordo a meio da noite e envio-lhe a biblía em oito mensagens diferentes, todas elas carregadas de raiva, de nervos, de sono, de rabugíce, de drama, de insegurança e de amor, tudo em doses desmesuradas. 

Intervaladas, até o cansaço me vencer, umas horas depois; adormeço angustiada e acordo com vontade de entalar as orelhas no forno porque, de facto, tudo aquilo era evitável, o erro do moço não foi assim tão grave e tão imperdoável que justifique a tortura a que me submeti.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

quando se veem as férias ao fundo do túnel

Eu achei que esta semana ia começar a sentir aquele alívio típico de quem sabe que em breve, muito em breve, pode voltar a dormir. Ao invés, parece que me passou um camião por cima, tenho olheiras até aos joelhos e apetece-me sair por aí a apertar pescoços como quem não quer a coisa.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

deus não me curte mesmo

Por mais que tente dar este ar de machão, há uma verdade incontornável sobre mim: eu tenho voz de pita. 

Tenho uma daquelas vozinhas irritantes que parecem ter parado de desenvolver aí, sei lá, aos cinco anos; se isto no hospital é uma alegria e os doentes passam a vida a gabar-me a voz «doce e meiguinha», por outro lado também é o tipo de voz que faz com que, sempre que eu atendo o telefone, me mandem ir chamar um adulto.

Sempre vi isto pelo lado positivo - nunca me hão de tentar vender um colchão ortopédico e uma vaporetto titano pelo telefone porque, como ainda há dois meses uma mulher me disse, não me julgam com mais de 10, 11 anos. 

Por outro lado, hoje recebi uma proposta de emprego que parece ter sido uma artimanha do diabo: é para um call center.


personagens

Quando eu pensava que não existia uma espécie ainda pior do que aqueles machos latinos que deixam crescer a unha do dedo mindinho, sabe deus porquê, aparecem criaturas com unhas de gel que decidem deixar apenas a unha do mesmo malfadado dedo bicuda.

Uma forma mais económica de remover o cerume do ouvido.

domingo, 13 de dezembro de 2015

estão a ver aquela gente que conta ao mundo sempre que dá um peido?

Sonho com um mundo onde as criaturas do meu fb entendem que não são vedetas e estão-se todos a cagar para o que eles fazem a um domingo à tarde, portanto podem parar de publicar um álbum com 60 fotos só porque saíram da gruta.

sábado, 12 de dezembro de 2015

the end is coming

Não sou de intrigas nem vos quero assustar mas o número médio de camisolas que eu costumo usar simultâneamente entre, sei lá, novembro e março, é entre 3 a 5, mais casacos e luvas e gorros e tudo e tudo.

Tenho saído de casa com uma camisola e um casaco.
Ou minha espessa camada de gordura começou a fazer o seu trabalho em condições ou é mesmo motivo para alarme.

being myself

Para aumentar a minha experiência a adormecer em locais públicos, e porque adormecer numa discoteca não é suficiente para testar a resistência do meu sono, fiz uma pequena sesta num bar - abri os olhos quando uma amiga me disse que eu estava a ser observada e deparei-me com um tipo com um ar sinistro a olhar e a falar para mim.

Não sei o que ele disse - sei que desatei a rir e não conseguia parar; quanto mais o gajo se aproximava e falava, mais eu me ria histericamente. A criatura desistiu ao final de um tempo, e foi-se embora a dizer que eu era a mais louca de todas as loucas. 

Alcooltece.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

já disse que não gosto do natal?

Como se já não fosse suficientemente mau todo o tipo de associações parecerem acordar no mês de dezembro e decidirem que, hey, há gente a passar fome e frio e crianças que precisam que paguem para poderem ter educação e tudo e tudo, como se durante o resto do ano estivesse tudo perfeitinho, agora há a praga anti-moedinhas.

Há banquinhas montadas de três em três metros; quer uma pessoa ande na rua ou vá para um centro comercial, corre sempre o risco de tropeçar, no mínimo, em oito merdas dessas a vender cubos mágicos e bonecas de trapos a 5€. Se continua a ser assim, um dia destes temos de abrir as portas das nossas casas para virem cá montar uma banquinha também.

Mas o mais absurdo é que as ditas associações, que se dizem tão necessitadas de ajuda, não estão disponíveis a receber moedinhas. Nada disso: quem quer ajudar, tem de comprar uma «prendinha que até podem oferecer no natal», como se a generalidade das coisas não fossem hediondas. Poderiam servir de prendinha sim, àquela tia de quem não gostamos ou àquela amiga da família que tem barba - se lhes oferecêssemos alguma coisa.

Só costumo ajudar quem, notoriamente, precisa. Este tipo de instituições têm muito pouco de humildes e métodos duvidosos - se estivessem assim tão necessitados, aceitariam qualquer coisa. Cinquenta cêntimos, se fosse a única moeda que a pessoa tivesse para dar. Ou menos ainda; quem aceita não escolhe, e ninguém pode dar o que não tem. Obrigar as pessoas a comprar alguma coisa para ajudar, é só a maior parvoíce que lhes podia ter passado pela cabeça.

Enfiem os cubos mágicos no cu.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

evax!

Uma das - muitas - coisas que me deixam fodidíssima desta vida é o facto de toda a gente gostar de aproveitar um feriado mas ninguém saber ao certo em nome de quê. Mas como os leitores do cinderela são, certamente, pessoas de bom gosto e com um desenvolvimento intelectual acima da média, sabem perfeitamente o que se comemora no dia 8 de dezembro, certo?



Exatamente: são os anos da eva!
E isto é especialmente importante porque eu a conheço desde o tempo em que ela me explicou o que era um penico e as comemorações incluem álcool, comida e fêta all night long. 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

damn you, autocorrect

Estava eu aqui fodida desta vida mas depois a correção automática decidiu trocar o meu inocente «não sei como é que vou conseguir não me constipar! sou super frágil nesse aspeto.» por um «não sei como é que vou conseguir não me consolar! sou super frágil nesse aspeto.», e o meu dia não melhorou mas pelo menos tive direito a mostrar a deusa do desastre que há em mim, so i got that goin' for me.

domingo, 6 de dezembro de 2015

e uma gaja fica chateada, que fica!

Andava aqui uma pessoa entusiasmadíssima desta vida com a ideia de ir ver a real bodies, e entretanto é alertada para isto:




Não poderia estar mais desapontada; eu levo o meu carrinho de mão a todo o lado, porque raio não o posso levar à exposição também?

então e agora, o que é que te deu para apagares tudo, ó cinderela?

Não sei.
Ou vá, sei: não gostava daquilo em que tinha transformado o meu blog. Não gostava de o ter transformado num muro das lamentações, e gostava ainda menos do facto de parecer que me esqueci do verdadeiro motivo para estar aqui: eu gosto de escrever, porra!

Isto nunca foi um diário, nunca quis que isto fosse um oh-meu-deus-hoje-comprei-três-camisolas-dois-vernizes-e-umas-cuecas; sempre pensei nos posts como apontamentos, como formas de guardar o que estava a sentir naquele momento. Sempre foi isso que me apaixonou, tudo o resto é trivial.

Nos últimos tempos, eu olhava para o que escrevia e aquela não era eu. Pelo menos, não aquele eu que criou um blog por puro amor à escrita ou pela sensação de que podia sempre revisitar o passado de cada vez que voltava a ler o que escreveu um dia. E era esso o lado bom de tudo isto, depois deixou de o ser.

As coisas mudaram muito, já o disse. Ultimamente, ler sobre o passado era só uma forma de me relembrar de tudo o que já não é, de tudo o que já não sou. Era torturar-me com histórias antigas que eu sei que tenho de enterrar bem fundo, antes que sejam elas a enterrar-me a mim. Era deixar, à vista de todos, todos os meus encontros e desencontros, todos os dias de raiva, de frustração, de tristeza, premiados com meia dúzia de minutos de felicidade. Acreditem quando vos digo que as coisas não estão fáceis para mim, porque não estão mesmo, mas o cinderela sempre foi o sítio onde eu falava a sério a brincar, e é isso que eu quero que volte a ser.

Ou talvez não, nunca se sabe - mas, por agora, ficamos assim: começámos de novo, tentamos de novo, e amanhã logo se vê.
Bem vindos de volta, meus psicopatas!

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

mas, hey, dezembro também tem coisas boas!

Há o natal dos hospitais e o coro de santo amaro de oeiras tem oportunidade de ir mostrar que ensaiou o ano todo para cantar o a todos um bom natal, e ainda podemos ver, pela trigésima sétima vez, o sozinho em casa. 

Dezembro é mesmo o melhor mês do ano para hibernar e só acordar em janeiro.

tudo a dizer olá a dezembro e eu a querer só acordar em janeiro.

Desde que me lembro de mim que faço a árvore de natal no dia um de dezembro - planeava fazê-la quando chegasse a casa, ver se aquela coisa toda de fitas, bolas e luzinhas pisca-pisca me faziam finalmente sentir alguma coisa de bom e entrar no espírito natalício ou coisa que o valha.

Não resultou - a árvore de natal gigante, velha que só ela, está com tanta vontade disto tudo quanto eu; tentei, durante mais tempo do que me orgulho, que ela ficasse direitinha mas a puta estava ainda mais difícil de equilibrar do que eu quando bebo demais e ando por terreno acidentado, e acabou por se deitar.

Agora estamos as duas aqui; eu no sofá e ela no chão. 
Se a minha sanidade mental já não fosse suficientemente duvidosa, até poderiamos trocar ideias sobre a melhor forma de parecer feliz e viçosa numa altura do ano que, se em anos normais já me deprime para caralho, este ano se avizinha, provavelmente, a pior de sempre, com as festas mais deprimentes de que há memória.

e o cancro continua a ser um bicho papão.

O cancro é um bicho feio - depois de já termos perdido alguém para esse filho da puta, quaisquer mostras de que ele anda a rondar novamente são meio caminho andado para o início de uma nova tempestade. E o cabrão está a declarar-nos guerra outra vez.

O cancro é um bicho feio - volta e meia vem chatear um dos meus e nunca se cansa de se meter connosco; rio-me: «vamos acabar todos a morrer de cancro, de qualquer forma!», e falo-lhes de como tudo hoje em dia parece ser carcinogénico, sobre como o mundo já é um cancro por si só e não temos muito por onde escapar. Digo-lhes que vai passar, que tem de passar. Talvez passe - talvez não o deixemos ganhar desta vez, talvez sejamos capazes de lhe fazer frente. Talvez ela seja mais forte do que parece. Talvez.

O cancro é um bicho feio - hoje veio estremecer o meu mundo outra vez, veio ligar todos os alarmes, veio lembrar-nos do sabor da eminência - não tive saudades deste nó no peito e deste travo amargo a saudade premeditada. Não tive saudades do contra-relógio e da vontade vã e absurda de congelar o tempo agora, só para não perder mais ninguém. Não tive saudades do medo, das lágrimas sufocadas, do meu falso otimismo. 

«Hoje em dia há cada vez mais casos de sucesso», relativizo. Pareço irritantemente calma, estranhamente fria – não gosto de me mostrar em pânico, não gosto de me mostrar preocupada, não gosto de me mostrar vulnerável mas, por baixo da mesa, cruzo os dedos enquanto repito para mim «não me leves mais esta, não me leves mais esta, não me leves mais esta».

É inevitável que aqueles que amamos vão ficando pelo caminho enquanto se espera que continuemos a caminhar, mas nunca estaremos realmente preparados para lhes dizer adeus – não posso dar-lhe a mão para ela não ter medo como ela fazia quando eu era pequenina. Também não basta mandar o cancro embora. Não basta querer que ele vá. Mas amanhã eu dou-lhe a mão e tentamos mandá-lo embora na mesma. Hoje não – estou demasiado derrotada, demasiado assustada, para isso. 

Amanhã, sim – ele não pode ficar com ela porque o cancro é um bicho feio.

(aos curiosos, expliquei quem é aqui.)