quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

a praga das boas festas

Gostava muito de vestir o espírito natalício e andar por aí, feliz da vida, a berrar a all i want for christmas que nem uma mariah carey da loja dos chineses e com uma bandolete com guizos e cornos de rena a dar a dar. Somehow, deve ser giro e deve saber bem.

Ao invés, esta altura do ano é, possivelmente, a mais infeliz de todas para mim - e olhem que tive um ano do caralho e chorei mais do que me orgulho. De cada vez que me desejam boas festas, sorrio um bocadinho e espanco a pessoa mentalmente: se eu pudesse, nem me lembraria de que estamos nessa fase da minha tortura anual, e não há bacalhau nem mousse de oreo que me acalentem o espírito.

Estou triste, já o disse. É como se, de repente, todo o lixo varrido para baixo do tapete durante o ano, decidisse aparecer e lembrar-me de tudo o que está errado. De tudo o que não deveria ser, das coisas insuportáveis - e crescem-me mágoas por pessoas que nunca julguei que me poderiam magoar. Crescem-me mágoas antigas que eu ignoro durante todo o ano, quando faço de conta de que não me importo. Aparece uma dor em qualquer sítio que eu não sei definir, mascarada de solidão, mascarada de saudade, de frustração. Um sofrimento atroz que parece só sair do armário quando toda a gente supõe que estamos felizes, e entendemos que não. E dói tanto, caramba.  Tanto.

Podemos saltar já para janeiro?

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