quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

é de família

Aproveitei a hora de almoço para ir a um supermercado trocar um artigo - à saída, tinha uma velha, com dois sacos de compras, parada ao pé do meu carro. Achei que ela estava à espera de alguém - e estava mesmo. À minha.

Começou por me pedir boleia para um sítio que eu nem conhecia - pela explicação, implicaria desviar-me do meu trajeto, coisa que não me seria muito favorável dado o facto de ser a minha hora de almoço e eu gostar muito pouco de me atrasar.  Em seguida, começou a fazer-me um interrogatório sobre a minha vida, porque não estava a acreditar que eu tinha mesmo de voltar rápido.

Com um sorrisinho filho da puta, mesmo de quem está a rogar pragas, disse-me que fosse com deus. Respondi-lhe «a senhora também», e consegui conter-me antes de a aconselhar a pedir boleia ao tipo.

Quando contei a história à minha mãe, respondeu-me que fiz muito bem, que nunca se sabe a quem se dá boleia hoje em dia, e sabe-se lá se não era um tarado mascarado de velhinha.

Vou para o inferno mas, pelo menos, vou continuar a ter a comidinha da mãe. Está visto.

4 comentários:

Joana Sousa disse...

dafuq!

Lazy Girl disse...

blog para gostar de ler?

Anónimo disse...

Aqui há uns dois anos apareceu-me um velhote no estacionamento do Strada, a pedir-me se o acompanhava à loja do cidadão. O desgraçado tresandava a mijo, mas não foi por isso que não o acompanhei. Estava a 5 minutos do almoço e se não tivesse a sopa quente a horas, "a minha Maria" não ia acreditar na história do velho eheheh. Por isso só lhe indiquei as escadas rolantes e aconselhei-o a perguntar mais acima, mas fiquei com remorsos e a pensar:
Foda-se, isto podia ser eu daqui a meia dúzia de anos... ou amanhã...

ernesto disse...

Não posso dizer que tenha ficado com remorsos, não neste caso. Principalmente pela atitude da mulher! Ela poderia voltar para trás exatamente da mesma forma como chegou até ali, e a minha vida não era da conta dela, não fez grande sentido fazer-me um interrogatório no final. Além de que não era uma velha toda caquética.

Quanto à parte final do teu comentário: pensei muitas vezes o mesmo, mas foi no hospital. É assustador o estado a que as pessoas chegam, e sim... "e se fosse eu? e se fosse um familiar meu?".