sábado, 24 de dezembro de 2016

presentes envenenados

É dia 24, véspera de natal: os olhos inchados denunciam uma noite passada a chorar. Denunciam uma manhã que me trouxe uma recordação amarga da noite anterior e me deixou em lágrimas outra vez. Por tudo o que não entendo, por tudo o que não sei, por tudo o que corre mal.

É dia 24 e tenho uma cabeça desarrumada, tenho o caos instalado no peito e continuo a não perceber o que há de tão errado comigo, com a minha vida, para que tudo o que me faz bem decida fazer-me mal a seguir. Não entendo. Não consigo entender que raio de pessoa serei para merecer tudo o que me acontece.

Este foi um dos piores anos da minha vida - o pior mesmo, talvez. Foi o ano em que os momentos de dor imperaram e, os escassos momentos de felicidade, serviram apenas para me fazer sofrer ainda mais logo a seguir. Foi um dos anos em que me senti mais perdida, mais desamparada, mais sedenta de coisas boas. E continuo.

Esta fase é particularmente má para mim: acreditem quando vos digo que é a altura do ano que mais me dói. Que mais me faz sofrer. Mas, até ontem, de alguma forma, eu achei que este ano ia ser diferente, achei que pelo menos desta vez eu ia ter algo de bom para recordar. Que poderia ser diferente, que, na minha crença estúpida, poderia ser um bom presságio. Que ia correr tudo bem desta vez. Que eu ia ser um bocadinho feliz.

E estava entusiasmada. Ansiosa. Feliz, pela primeira vez, com o que seguia. Estava mesmo, caramba! Ia ser diferente, ia ser bom. Significava, pela primeira vez, que eu era suficientemente importante para alguém, que alguém me queria perto, que gostava de mim. Mas, como tudo o que é bom na minha vida, foi-me retirado.

Voltamos à estaca zero, mas com uma dor nova: a dor da dúvida, do medo. A sensação de que sou mesmo demasiado descartável. E tão ridícula, tão humilhada, tão triste... 

Foi um excelente presente de natal.
Exatamente o que eu precisava.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá!!!
Não te venho desejar um bom Natal, porque o Natal já passou. Na véspera ainda respondi a dois ou três comentários ao post que tinha agendado dois dias antes, mas acabei por passar a "consolada" estendido no sofá, de luz apagada e uma almofada em cima dos olhos, tal foi a puta da enxaqueca que me deu, que nem me acordaram para me dar as prendas... "prontes" e ontem fui almoçar ao Alentejo e só vim alta noite.

Quanto ao assunto da tua "posta", não me quero estar a repetir, mas continuo a achar que a primeira e principal pessoa que te acha descartável, és mesmo tu.

Vêm aí um novo ano e estamos naquela fase em que toda a gente está a fazer as listas com o que pretende fazer em 2017. Aproveita estes dias que faltam para fazer a tua lista e não te esqueças de pôr em primeiro lugar a autoestima. Acho que já é mais do que tempo para te veres como uma pessoa normal e se alguém não te vê assim, problema deles.

Juizinho e não comas muito, para não entrares 2017 feia, gorda e (mais) descartável. eheheh

ernesto disse...

Sem problema! Espero que já estejas fino.

Estou a fazer os possíveis para não entrar em 2017 a rebolar ahah quanto ao resto, sou um caso perdido.

Anónimo disse...

Conseguiste deixar de ser gorda, se te mentalizares também consegues deixar de te sentir feia e descartável. Mas não vou insistir, porque esta é uma história tão antiga e eu já dei tanto para este peditório, que algum dia começas a pensar que te ando a endrominar para cair na tua graça. xD

ernesto disse...

Ahahah, não adianta. Sabes que sou um caso perdido, independentemente de quem seja a pessoa a tentar convencer-me do contrário. Às vezes, acredito... e depois volto ao mesmo :|