terça-feira, 31 de janeiro de 2017

pensando melhor

De regresso a casa, vi-me ao espelho e concluí que nem para cortadora de fiambre me contratariam por terem receio de que aproveitasse para me auto-fatiar em jeito de suicídio lento e doloroso: vesti, literalmente, a primeira roupa que me apareceu no armário e que, só por acaso, nem enquanto varredora de ruas me favorece - sinto-me ainda mais gorda do que o costume. Os olhos denunciam uma noite em que já passava das cinco da manhã quando consegui adormecer, e o inchaço não deixa negar que houve demasiadas lágrimas à mistura - para complementar, o ar adoentado e pálido de alguém que já conseguiu sair da cama mas continua com demasiadas dores de cabeça para conseguir fingir que está bem. Não houve pachorra para maquilhagem, e nem as unhas escapam à imagem degradante - o verniz, com uma semana, completamente lascado.

Eu costumo sair de casa mais bem vestida, mais bem arranjada - mas há dias em que simplesmente não me apetece. No entanto, ao pensar no olhar das gajas, todas bonitinhas, todas magras, todas bem vestidas, acho que é a primeira vez que a minha simplicidade me envergonha.

Caramba. Há algum lugar onde eu faça sentido?

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