domingo, 31 de janeiro de 2016

vou parar com os posts deprimentes, um dia destes.

Sinto-me como um prisioneiro que marca na parede os dias que passam - todos os dias, quando acordo, é uma nova vitória constatar que resisti mais uma noite; não te liguei, não te disse nada e só tenho de me voltar a preocupar com isso na noite seguinte.

Durante o dia eu aguento-me bem. Estou ocupada, tenho sempre sítios para onde ir, pessoas com quem falar, coisas para fazer; lembro-me de ti nos intervalos, nesses que eram religiosamente guardados para ti, mas passa. É à noite que o silêncio se abate sobre mim e a saudade aperta mais. Já não sabia o que era viver sem te ter na minha vida todos os dias. Já não sabia o que era adormecer sem a certeza de que me acordarias a meio da noite, só para me dar um beijinho.

E eu, que odeio que me acordem, era tão mais feliz nessa altura.

sábado, 30 de janeiro de 2016

não morri,

Tenho dado o meu melhor para não pensar nos últimos dias - ocupo a cabeça com tudo o que encontro e, quando finalmente tenho tempo para refletir, deito-me; tenho dormido mais horas, e começo a desabituar-me a acordar a meio da noite, mas não durmo tão bem. Quando acordo, só me resta a sensação de vazio e a falta que me fazes. O que é que nos aconteceu?

Gozavas comigo quando te dizia que tinha acabado um livro e não sabia o que fazer com a minha vida - estava a brincar, nessa altura, mas agora é mais ou menos assim que me sinto. O que é que fazemos quando perdemos uma das poucas coisas boas que tínhamos? Para onde vamos quando parece não restar um sítio para onde ir? Como é que sobrevivemos quando o mundo parece desmoronar em cima de nós?

Não sei quem posso culpar; eu, tu, o acidente ou o tempo. Todos, talvez - não foi fácil, nunca foi fácil, mas estava certa de que valia a pena tentar. Ironicamente, ainda estou, mas não há nada a fazer; quem me dera, meu amor, poder recuar exatamente três meses. Quem me dera poder ter mudado o teu destino naquele dia, quem me dera ter adivinhado, quando me ligaste a meio da tarde, que essa seria quase a nossa despedida. Que, poucas horas depois, a tua vida iria mudar para sempre.

Nunca podemos prever o passo que se segue - mesmo eu, que planeio tudo, sei que faço tudo torto e que não tenho paciência para seguir uma rota certa, e ainda tenho de contar com as rasteiras da puta da vida. Mas desta vez ela foi longe demais; foi uma puta para ti. E para mim.

Talvez nunca tenhas percebido o quanto me doeram estes meses. E ainda doem, claro - mesmo que ao longe, agora que te perdi, estou a torcer por ti porque nunca te poderia desejar outra coisa que não o melhor. Só preferia que me tivesses deixado ficar ao teu lado, neste momento e em todos os que te seguissem. Preferia que não tivesse sido isto a afastar-nos, nem nada deste mundo.

Menti-te, ainda assim. Disse-te que iria desaparecer definitivamente, mas é mentira; continuo lá, com a porta entreaberta, no caso de quereres voltar. Disse-te que iria embora, mas nunca o poderia fazer; gosto de ti, porra! Onde é que eu hei-de ir sem o meu coração?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

alforrecas, 'tou peixonada!

Eu tenho uma pequena deficiência no que toca às minhas escolhas musicais - sim, notem que a pequena deficiência é só em relação a isso, as grandes deficiências afetam outros campos - que passam por conseguir adorar uma música calma e achar que vai ser a minha preferida por uns tempos, até que puuuffff - dois dias depois, quase sangro dos ouvidos quando a dita começa a tocar.

E assim foi com a hello, da adele. Gostei durante cinco minutos, e depois apeteceu-me espetar-lhe uma faca no bucho de cada vez que ela começava com o o «hello, it's me» (e sim, também costumava ficar à espera do «...you're looking for»).

Mas já se sabe que uma gaja não pode dar-se ao luxo de estar num desses dias mesmo fodidos, em que nem sabe se quer chorar até ter a fronha coberta de uma mistura indistinta de lágrimas e ranho, ou se quer sair por aí a espetar uma faca no bucho a quem se mexer, e a adele não aparecer. A adele tem de estar lá, porque a adele percebe de corações partidos. Mesmo que a adele ainda piore o nosso estado.

sábado, 23 de janeiro de 2016

não faleci

Escrever-vos-ia mais vezes de boa vontade se:

a) não andasse tão cansada, entre o hospital e o ginásio, que acabo por adormecer pouco depois das dez da noite;
b) a minha internet colaborasse um bocadinho e não desmaiasse de dois em dois minutos;
c) me acontecessem montes de coisas giras que originassem posts interessantes e cenas que tais.

Da maneira que as coisas andam, creio que só vou ter alguma coisa a dizer - e vontade de o fazer! - quando for eleita presidente da república (tino de rans ao poder!) ou, acidentalmente, encontrar a maddie debaixo de uma banca da fruta no mercado de domingo.

domingo, 17 de janeiro de 2016

pelo menos no inferno eu vou ter as mãos quentes!

É do conhecimento geral que não é seguro deixarem monstrinhos de berço, que não os meus monstrinhos de berço preferidos, à minha guarda; de outra forma, as criaturas correm o risco de saírem com traumas para toda uma vida.

Ontem, fiquei com uma das minhas criaturas. Sete anos de gente, a caminhar ao meu lado, quando decide olhar para o céu e pergunta porque é que a lua lá estava, se já era noite.

Só não revirei os olhos porque dá mau aspeto e uma pessoa já é feia que baste, mas nem aos sete anos me pareceu razoável achar que, num dia de inverno estranhamente solarengo e a meio da tarde, pode ser de noite só porque a lua decidiu aparecer.

Expliquei-lhe então que a lua tinha decidido ir trabalhar noutro turno, e sugeri-lhe que à noite fosse à rua, a fim de constatar que a lua não estava no céu porque tinha ido dormir. A miúda acreditou.
Não há fé que nos salve desta desgraça.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

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As despedidas são sempre difíceis - mas é ainda mais tortuoso quando nem nos é dada a possibilidade de dizer adeus. Quando tudo o que sobra é um punhado de sonhos falhados e lágrimas de saudade.

Tenho saudades tuas - não muda nada mas é a verdade. Durante todos estes dias, tenho-me tentado convencer de que irias voltar atrás, de que irias sentir a minha falta, de que, de facto, ainda tinha alguma importância; não tinha. Não tem.

Permiti que a minha vida se virasse do avesso ao mesmo tempo que a tua, em vez de tentar fugir; quis, quis muito, mostrar-te que estava aqui apesar de tudo o que te estava a acontecer. Quis que entendesses que isso não mudava nada na pessoa incrível que és e, especialmente, na pessoa incrível por quem eu me apaixonei. Mas, infelizmente, mudou. Mudou-te.

Tenho saudades tuas - de quem eras antes de teres passado a achar que eras outra pessoa. Antes de teres permitido que o que te aconteceu destruísse tudo o que éramos, tudo o que fomos, como se não houvesse uma vida para viver além das consequências macabras de um acidente.

Lamento que nunca tenhas compreendido o meu esforço para não te perder. Lamento que tenhas saído da minha vida desta forma. Lamento ter-te perdido; ainda não sei lidar com isso. Ainda olho para o telemóvel com esperança, sempre que ele vibra. Ainda espero que mudes de ideias, que me queiras contigo tanto quanto eu queria não te abandonar neste momento. Mas deixaste-me ir. Obrigaste-me a deixar-te aqui.

E, de repente, aquele que me segurava, empurrou-me. Adeus, meu amor.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

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[finjo que não me importo mas, a cada chamada, a cada mensagem, estremeço e torço em silêncio para que seja o nome dele a saltar-me no ecrã. mas nunca é. outra vez.
ainda não chorei. ainda não tive nenhum surto psicótico a meio da noite: não lhe liguei, não mandei mensagem. às vezes apetece-me, porque tenho saudades. outras vezes, não me apetece, porque sei que é inútil e que eu mereço mais do que o silêncio.
mas não podemos obrigar ninguém a albergar-nos na sua vida. não podemos obrigar ninguém a aceitar a nossa mão para o puxar do fundo do poço. às vezes, não nos resta mais nada senão ver aqueles de quem mais gostamos a afundarem-se, porque nem nos deixam puxá-los, nem nos deixa afundarmo-nos também.
e tenho saudades - muitas, tantas. mas, desta vez, vou deixá-lo ir.
se ele quiser voltar, sabe onde estou.]

uhmmmm

Ultimamente, tenho ouvido elogios todos os dias - ora me dizem que sou bonita, ora me gabam o sorriso, ora se derretem com a voz meiguinha.

...
...
...
...

É uma pena que as únicas pessoas que achem isto sejam meio cegas, meio surdas e tenham mais de 80 anos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

o dia da desgraça

Fui deitar um doente que estava sentado numa cadeira de rodas; posicionei a dita cuja, travei-a, assegurei-me de que os suportes para os pés estavam levantados, e puxei o homem pela parte de trás das calças, comme il faut. 

Quando dei por mim, estava meio abraçada a um jovem com o quíntuplo da minha idade e mais meio metro de altura, que me olhava a sorrir enquanto me dizia olá e se metia a balbuciar - percebi depois que o homenzinho baixou um dos suportes para os pés, sabe deus como, e estava a pisar-me com ele.

E a parte triste da coisa?
Isto foi o mais próximo que eu tive de um momento romântico nos últimos, sei lá, mil anos?

domingo, 10 de janeiro de 2016

euresistoeuresistoeuresisto

Estou vagamente consciente de que, se não adormecer nos próximos minutos, vou esfaquear o meu orgulho outra vez e acabar por ligar-lhe. Não queremos que isso aconteça - eu e o meu orgulho, que nunca vence quando jogamos contra o moço. Hoje ele vai vencer. Ou ia, se eu adormecesse.

Mas não tenho sono nenhum.

sábado, 9 de janeiro de 2016

true story

Não tenham medo de uma gaja que está chateada e vos manda oito mensagens com uma extensão suficiente para que fossem a cópia integral da bíblia.
Tenham medo de uma gaja que está chateada e não vos diz rigorosamente nada.

Das duas uma: ou está a engendrar um plano maquiavélico, ou nunca mais lhe vão pôr a vista em cima.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

farda de pânico

Ontem, tive um dia tão fodido e andei tanto que, quando chegou a hora de trocar de roupa e voltar a vestir as minhas calças de ganga, as minhas pernas estavam tão inchadas que, por uns breves instantes, cheguei a temer ter de sair do hospital de cuecas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

o dia em que eu fiquei possuída

Tive um dia tão mau no hospital que, quando finalmente me sentei e me permiti a sentir as dores dos pés e das pernas, a ideia de passar mais uma hora e meia no ginásio pareceu-me sadomasoquista.
Só para ser teimosa, fui.
Fiz, de longe, o melhor treino dos últimos tempos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

como se eu não soubesse o que a casa gasta

E então é isto: uma gaja ainda nem sabe se o evento vai ocorrer e já planeou a conversa toda, os sorrisinhos estratégicos, bem como a roupa, a maquilhagem e a cor das unhas, enquanto, por outro lado, já se imagina a ficar com as bochechas no ponto explosão, rir-se desajeitadamente, frases nonsense e piadas mais nonsense ainda, gargalhadas nervosas e desadequadas, suor em bica porque a gaja transpira c'os nervos, e, consequentemente, maquilhagem borrada a lembrar um panda gordo e mal feito. 

Adivinhem lá qual das partes se vai concretizar!

domingo, 3 de janeiro de 2016

cinderela, a benanosa.

O que eu acho mais triste nos concursos de talentos é que há sempre gente boa, realmente boa, que fica para trás para dar lugar a criaturas que não cantam um caralho mas contam as histórias da vidinha deles e depois puff: toda a gente chora e eles chegam à final.

Não por serem bons cantores, mas sim por serem bons contadores de histórias.
Great job.

preciso de vocês, alforrecas!

Fiz este mesmo pedido na página do blog, mas sei que nem todos vocês andam por lá e achei que deveria realçar o meu desespero. E como não me apetece escrever a mesma coisa duas vezes e sou preguiçosa, copiei e colei, shhhh:
tenho uma pancada com a organização das músicas no mp3 - tenho-as separadas em várias pastas, de acordo com o tipo de música. mas, ainda assim, tenho uma playlist que ouço quase exclusivamente a conduzir, cheia de músicas vergonhosas mas que eu canto a plenos pulmões.
o problema? perdi todas as músicas da minha playlist anterior. preciso de ideias. preciso daquelas músicas comerciais, das pirosonas, das nonsense, de tudo o que seja «cantável» às sete da manhã por uma gaja cheia de sono.
aceito sugestões!

E é basicamente isto. Aceito tudo o que me possa despertar. 

nhe

Também podia tentar resumir cada dia do ano numa só palavra, mas eu não sou gaja de me resumir.

o ano é novo mas a desorganização é a de sempre

No ano passado, comprei uma agenda por nenhum motivo específico, porque sei que, por mais útil que seja, eu nunca vou ser suficientemente organizada para utilizar uma; comprei-a porque ela era gira e eu tive uma crise de futilidade. 

É pequenina, de capa preta, e tem escrito na capa, a azul, «this year i'll never be late» e na contracapa «ok, maybe once or twice». Tinha decidido escrever-lhe uma espécie de reflexão diária - uma frase que me fizesse lembrar aquele dia em específico. Mas, como é óbvio, não aconteceu - escrevi-lhe uma ou duas vezes e nunca mais me lembrei.

Há uns dias, vi este post da estudante e fiquei com vontade de experimentar; fui buscar a pobre agenda que está convencida de que é de 2015 mas eu sei, do fundo do meu coração, que é em 2016 que vamos ser felizes. 

Não adianta comprometer-me porque sei que sou terrível e falho sempre - mas, pelo menos, vou tentar apontar os meus pensamentos mais felizes ao longo deste ano, sem grandes regras porque também não sou grande coisa a cumpri-las. Vamos ver no que dá.

as coisas que eu vejo

Quando chumbei a matemática pela segunda vez, entrei em desespero. Tive uma daquelas crises de oh-meu-deus-eu-nunca-vou-conseguir, chorei um bocadinho, dramatizei um bocadão, mas depois dormi e acordei consciente de que essa era uma porta fechada - ou entreaberta, porque eu poderia sempre tentar de novo -, mas também era uma oportunidade de procurar outras formas. E foi o que fiz.

Entrei num curso numa das áreas pelas quais o meu coração bate - a saúde. Mas não importa, podia ter ido para outro qualquer, desde que o objetivo fosse cumprido, no final das contas: precisava de contornar o facto de ter falhado na matemática e, por isso mesmo, não ter o 12º ano. 

Talvez por isso, por me ter dado ao trabalho de procurar soluções, por me ter esforçado - e continuar a esforçar - para não deixar escapar esta oportunidade, sou incapaz de compreender as pessoas que não têm objetivos. Pessoas que se deixam falhar uma e outra vez e, mesmo assim, não se importam. Deixam-se andar. 

Não temos de ser todos médicos, enfermeiros, professores ou advogados. Também não é obrigatório termos a resposta na ponta da língua, de cada vez que nos perguntam o que queremos ser quando formos grandes, desde os três anos. Eu tenho vinte e ainda não sei - agora estou a uns meses de me tornar uma auxiliar de saúde, e depois logo se vê. Tenho um bocadinho do coração na enfermagem, e outro no jornalismo, e não há nada de errado em ainda não saber o que quero fazer a seguir numa altura em que ainda não posso fazer nada. Mas não entendo quem fica parado. Não entendo as pessoas para quem tanto faz, para quem nada importa. Gente cujo único objetivo de vida parece ser continuar a viver com os pais ou arranjar um namorado que as sustente, porque nunca se esforçam por nada.

Por mais que tente, não entendo estas criaturas que vivem nas sombras, que nunca acabam o que começam, que são capazes de passar meses a fio com o cu no sofá a ver o goucha e a cristina. Não entendo, nem quero entender.