segunda-feira, 17 de abril de 2017

p.

[somos estranhos, diferentes, novatos nisto de sermos nós: escapámos à regra e guárdamos um álbum de recordações só nosso, folheamo-lo várias vezes, revisitamos conversas antigas, discussões necessárias que nos trouxeram aqui, piadas velhas, mas não encontramos a data. a nossa data; é uma qualquer. um dia percebemos que antes de sermos já éramos, e nunca precisámos de um rótulo para praticar o sentimento e a lealdade de quem tem ao seu lado tudo o que precisa para ser feliz - tenho-te a ti e és a minha lotaria, o meu porto seguro, o abraço onde, apertada, me sinto mais livre do que nunca.
somos estranhos, diferentes, novatos nisto de sermos nós, e às vezes as palavras parecem perras, presas numa garganta pouco habituada a vernáculos felizes e a felicidade tranquila. saem-me diminutivos porque o meu amor ficou guardado para mais tarde. coloco sorrisos onde faltam as palavras carinhosas que ainda não me habituei a usar - estamos a começar. estamos só a começar.
somos estranhos, diferentes, novatos nisto de sermos nós, e temos maneiras diferentes de agarrar a mão um do outro mas o mesmo tique envergonhado de quem ainda não sabe se pode: enlaçamos os dedos devagarinho, a medo, segredo um do outro, amor um do outro, nós meio um do outro. e somos eu e tu fora do nós: somos na mesma tudo quanto queremos ser, mas somo-lo juntos e agradeço por isso.
eu e tu, sem data de início e sem prazo de validade - até quando?, perguntaste-me um dia. dou-te a mão e encaro uma felicidade que ainda não sabia que poderia experimentar. para sempre, meu amor, para sempre.]

2 comentários:

Zé Manel disse...

Este blog é uma grande descoberta! :)

ernesto disse...

Obrigada :D